SÍMBOLOS DA BÍBLIA - 37 ÁRVORE

“Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer.” (Gn 2,9)

A Bíblia é como um livro que tem duas árvores como capa e contracapa: a árvore da vida é plantada em Gênesis 2 e reaparece no último capítulo do Apocalipse com promessa de uma cura universal (cf. Ap 22,2.14).

Em geral, a árvore é símbolo da vida, pois brota em locais onde existe água. Desde o início, a árvore é um dom do Criador para a humanidade (cf. Gn 1,29; 2,16). Por contraste, o Gênesis fala de outra árvore como símbolo da única restrição feita pelo Criador: a árvore do conhecimento do bem e do mal (cf. Gn. 2,17). Em outros termos, não compete à criatura decidir o que é bom e o que é mau; quebrar este mandamento significa optar pela autonomia moral, implícita na maliciosa promessa da serpente: “Sereis como deuses” (cf. Gn 3,5)

A Bíblia usa a imagem da árvore para apontar o destino do justo que se apega à Lei divina: “Ele é como a árvore plantada junto da água corrente: dá fruto no tempo devido e suas folhas nunca murcham”. (Sl 1,3)

Em várias passagens, a árvore de grande porte aparece como símbolo do orgulho humano, a ser abatido pelo Senhor. Em Ezequiel 31, lemos a alegoria do cedro “de bela ramagem e alto porte, com seu cimo entre as nuvens”, imagem do poderoso Faraó do Egito; mas ele será humilhado por Deus: “A quem te igualas na tua glória e na tua grandeza entre as árvores do Éden? Entretanto, foste precipitado juntamente com as árvores do Éden nas regiões subterrâneas, entre os incircuncisos”. (Ez 31,18)

A árvore pode ser símbolo de segurança e proteção. No Cântico dos Cânticos, a esposa vê seu divino Esposo como uma macieira que dá sombra e fruto (cf. Ct 2,3). É nos galhos da árvore que as aves encontram um porto seguro (cf. Sl 104,16-17). Foi à sombra dos carvalhos de Mambré que Abraão teve sossego depois de sua errância (cf. Gn 13,180.

No Novo Testamento, destacam-se os frutos da árvore boa e a sorte infeliz da árvore má (cf. Mt 3,10). Uma figueira estéril mereceu uma das raras maldições de Jesus (Mt 21,19). Ao contrário, outra figueira estéril ganhou tempo extra de misericórdia de seu dono (cf. Lc 13,8-9)

A liturgia católica viu na Cruz de Cristo uma árvore cuja seiva é fonte de vida: “Árvore entre todas nobilíssima... bendito lenho que tão suave peso sustentastes”.

Alguns textos bíblicos: Gn 1,11-12; Jr 17,7-8; Dn 4,10-12; Mt 7,17-19; Mt 13,32; Jd 12; Ap 2,7.

(Do livro “Uma voz na nuvem”, Ed. Cultor de Livros, 2021)