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12/09/2020 Antônio Carlos Santini Edição 3928 SÍMBOLOS DA BÍBLIA (4) VENTO
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"O Vento sopra onde quer. (Jo 3,8)"

SÍMBOLOS DA BÍBLIA (4)

 VENTO

Enquanto símbolo, o VENTO é, sem dúvida, o mais rico em variações na Sagrada Escritura. Em muitas passagens, o tradutor precisa escolher entre várias possibilidades: sopro, hálito, respiração, espírito, Espírito Santo – o que se comprova ao cotejar diferentes edições da Bíblia. Essa riqueza semântica já existia no hebraico (Ruah) e no grego (Pneuma), passando mesmo para o latim (spiritus).

Na cena da Criação do primeiro homem (Gn 2,7), o boneco de argila foi animado por um hálito vital que o Criador soprou em suas narinas. É impossível não notar o grau de aproximação e intimidade entre o Criador e a criatura. O mesmo “vento” criador já pairava sobre as águas quando a terra ainda estava informe e vazia (Gn 1,2).

Os autores sagrados recorrem à imagem do vento para indicar uma ação divina, uma intervenção que move as coisas e transforma as pessoas. Trata-se de um dinamismo absolutamente livre, que o homem não pode controlar. Daí a afirmação de Jesus no diálogo com Nicodemos (cf. Jo 3,8). Exemplo dessa ação aparece no Êxodo, quando o mar se abriu para a passagem dos hebreus: “E Yahweh, por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite, fez o mar se retirar. Este se tornou terra seca, e as águas foram divididas”. (Ex 14,22)

Entre os profetas, o vento surge como um sopro de Deus. Ezequiel atribui a esse “vento” o retorno da vida aos ossos secos no areal (cf. Ez 37,9). Na caverna de Elias, após a passagem de uma ventania estrepitosa, onde Deus não estava, foi a “brisa mansa” que denunciou a presença do Senhor (cf. 1Rs 19,12) na intimidade do profeta.

Já em clima de Nova Aliança, antes mesmo do vento forte de Pentecostes, Jesus ressuscitado repete a cena da criação do primeiro homem e “sopra” sobre os discípulos reunidos, dizendo: “Recebei o Espírito Santo”. (Jo 20,22) Nascia uma nova raça, animada pelo Sopro divino.

Mas é na manhã de Pentecostes que fica mais visível (e audível!) a ligação de significado entre o vento e o Espírito prometido: “Veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval... E ficaram todos cheios do Espírito Santo...” (At 2,2.4)

A relação direta entre respiração e espírito mostra-se de modo definitivo na morte de Jesus, na cruz do Calvário. Depois de dizer: “Tudo está consumado”, Jesus “entregou o espírito”. Era o último suspiro de Jesus, mas também o prelúdio da efusão do Espírito (cf. BJ, nota a Jo 19,30).

Alguns textos bíblicos: Jdt 16,14; Jó 27,3; 33,4; Sl 33,6; Sl 104,29-30.

 

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