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12/03/2020 Antônio Carlos Santini Edição 3921 Solenidade da Anunciação do Senhor – 25/03/2020
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"Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38b)"

Solenidade da Anunciação do Senhor – 25/03/2020

 

Leituras: Is 7,10-14; 8,10; Sl 39[40]; Hb 10,4-10; Lc 1,26-38

 O sinal de Deus. Acaz, o rei de Judá [736-717 a.C.], está inteiramente dominado pelo medo de uma provável invasão das tropas de Aram e Efraim. Para se defender, o rei decide aliar-se aos assírios de Teglat-Falasar, num gesto de servidão a uma nação idólatra e politeísta (cf. 2Cr 28,16).

O profeta Isaías é enviado por Deus para acalmá-lo. Acaz, que supervisionava obras de defesa na muralha da cidade, deve pedir ao Senhor um sinal de que estariam a salvo. Mas o rei já se decidiu por confiar na força dos homens e se recusa a pedir um sinal.

Diante da recusa de Acaz, Isaías se adianta e diz que o próprio Senhor lhe dará um sinal: uma Virgem vai conceber uma criança, que receberá o nome de Emanuel, isto é, Deus-conosco.

Assim aquilo que parece humanamente impossível está nas mãos de Deus, ao anunciar sua proteção e sua bênção para Judá, que o rei irá rejeitar, trocando a proteção divina pela ação diplomática, conduzindo o povo à ruína com a invasão dos assírios.

O Evangelho de São Mateus (1,23) identifica o nascimento de Jesus Cristo como o cumprimento histórico desta antiga promessa.

 Tu me formaste um corpo. O trecho de Hebreus 10,4-10 nos traz palavras de Cristo “ao entrar no mundo”, isto é, em sua encarnação no seio da Virgem Maria. Ele diz ao Pai: “Não quiseste vítima nem oferenda, mas preparaste-me um corpo para mim... Eis que venho cumprir, ó Deus, a tua vontade”.

A obediência do Filho elimina os sacrifícios da Antiga Aliança. “Ao envio do Filho corresponde o seu corpo de obediência, que o próprio Deus preparou em nossa carne, nascido de uma mulher (cf. Gl 4,4). Este é o mistério da encarnação de Deus na acepção específica em que é apresentado na solenidade da Anunciação do Senhor.” (W. Beinert)

 “Nada é impossível para Deus.” Enviado por Deus, o anjo Gabriel traz à Virgem Maria, em Nazaré, a proposta de ser a Mãe do Salvador, Filho de Deus, sem a participação de um pai humano.

Impossível? Sim, para os homens e as mulheres. Tão impossível quanto uma mulher idosa e estéril – como Isabel de Zacarias – engravidar e ter um filho: João Batista, o precursor do Messias. E é exatamente a gravidez de Isabel, parenta de Maria, que Gabriel lhe acena como “sinal” de uma excepcional intervenção de Deus na história da humanidade.

Poderíamos assim resumir a situação: tal como Deus fez o impossível na gravidez de Isabel, a estéril, pode fazê-lo também em tua vida, Maria, a virgem de Nazaré. E a resposta da Virgem é uma adesão amorosa ao desígnio salvador do Pai que, para nos dar seu Filho, conta com a ação do Espírito Santo sobre Maria, cobrindo-a com sua “nuvem”, com a mesma “sombra” que cobrira a Arca da Primeira Aliança (cf. Ex 40, 34).

O episódio da Anunciação realça, por um lado, a cooperação entre Deus e a Humanidade: convite e aceitação, proposta e resposta, graça e correspondência, missão e compromisso. Como nas palavras de S. Agostinho, “o Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Para salvar a humanidade, Deus pede a cooperação da humanidade.

Por outro lado, fica evidente a ação superabundante do próprio Deus, pois Ele mesmo preparou Maria para capacitá-la a responder e corresponder com um SIM sem reservas e sem condições.

Daí as palavras do Papa João Paulo II: “Maria é a cheia de graça, porque a Encarnação do Verbo, a união hipostática do Filho de Deus com a natureza humana, se realiza e se consuma precisamente nela. Como afirma o Concílio, Maria é ‘Mãe do Filho de Deus e, por isso, filha predileta do Pai e templo do Espírito Santo; e, por este insigne dom da graça, leva vantagem a todas as demais criaturas do céu e da terra’”. (Redemptoris Mater, 9.)

Parece muito? Pois nada é impossível para Deus. O mesmo Espírito Santo continua a atuar na Igreja, inspirando-a e movendo-a nos caminhos do Senhor.

Procuramos imitar Maria? Estamos abertos às propostas de Deus? Ou nos intimidamos, por não contar com o Deus do impossível? (Texto de A. C. Santini)

 

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