Formação Juventude
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04/03/2020 Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN Edição Tristeza, um sentimento que ameaça os jovens
F/ Pexels
"Na maioria dos casos, a automutilação é reflexo de uma incapacidade de lidar com seus próprios sentimentos"

 

“Ele, porém, contristado com essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens” (Mc 10,22). A Campanha da Fraternidade deste ano convida a refletir sobre a vida cada vez mais ameaçada, descuidada, ferida: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

 

O olhar da indiferença

Sem um olhar diferenciado sobre a realidade, será impossível salvar as vidas ameaçadas. O olhar tem grande força de influência sobre as pessoas. Com um olhar pode-se aprovar ou reprovar, acolher ou reprimir, salvar ou condenar. O samaritano, contrastando-se com o olhar indiferente dos homens servidores do culto no templo, viu compadecido o homem caído à beira do caminho. Jesus olhou com amor para aquele homem que o interrogava a respeito dos caminhos da salvação (cf. Mc 10,17-27).

Lançando um olhar contemplativo para a cena do diálogo daquele homem com Jesus, atentemos para a tristeza do moço diante da resposta do Mestre de Nazaré: “Vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me” (Mc 10,21). Ficou triste quando Jesus lhe pediu saída de si, desapego, serviço e partilha para com os pobres. Preferiu o projeto de acúmulo de bens, de sua salvação pessoal, de pensar somente em si mesmo. A consequência de tudo isso não foi a alegria da posse de bens, mas a tristeza que o apego e o fechamento trazem consigo.

 

É preciso um novo olhar

A CF fala de uma grande parcela da juventude provocando automutilação, em estado de depressão, tendendo ao suicídio. E as pesquisas constatam que vivem tomados de grande tristeza. Uma pergunta sem resposta única: de onde lhes vem essa tristeza, esse desejo de morte?

Além das Políticas Públicas que precisam ser implementadas ou retomadas em favor dos jovens, partindo da cena do evangelho que narra o encontro do moço rico com Jesus, percebe-se a necessidade de se fazerem propostas mais objetivas, vivenciais, mais plenas de sentido e de novos horizontes aos nossos jovens.

Estudos mostram que “na maioria dos casos, a automutilação é reflexo de uma incapacidade de lidar com seus próprios sentimentos, como angústias, medos, tristeza e conflitos. Os adolescentes veem nessa prática a saída mais rápida para aliviar esse intenso sofrimento. É uma troca de dor emocional pela dor física. O ato também pode ter relação com se punir por alguma atitude, raiva ou com baixa autoestima” [Texto-base, 39].

Junte-se a isso o desemprego, a pobreza, a promiscuidade sexual, as mortes violentas, as crises de relacionamento familiar, o consumo de álcool, o tráfico e uso de drogas ilícitas. Ainda podemos mencionar a crise de liderança política e religiosa, a falta de referenciais inspiradores de vida, as incoerências e contradições dentro e fora de casa. Essa complexidade tamanha traz sérios desconfortos e desatinos à juventude.

 

Olhar a Palavra na vida

Jovem, leia o texto de Marcos 10,17-27. Reflita sobre as atitudes de Jesus e do moço, procurando identificar e confrontar suas atitudes com as atitudes dos dois personagens do evangelho. O que tira sua alegria de viver? Enquanto você fica preso às suas coisas, mesmo que seja à sua salvação pessoal, ficará entristecido. Quando você tiver a coragem de distribuir seus bens, entregar-se aos pobres, vai experimentar a alegria de discípulo de Jesus, servidor do Reino de Deus.

“Deus quer que os jovens tenham uma missão. A cura da ansiedade e da depressão passa pela missão. A missão dos jovens é serem profetas, e, para serem profetas, eles têm que ‘sujar os pés’ nas estradas, estar entre outros jovens que precisam de um sentido para a vida e ajudá-los, fazer-se portadores de esperança e descontinuidade em relação aos adultos” [Papa Francisco, Deus é jovem, p. 102].

 

 

*Casa de Formação “Pe. Júlio Maria”, Maracanaú-CE

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