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12/06/2024 Luis Miguel Modino - Regional Norte 1 Edição 3972 Um modo concreto de levar a semente do Reino de Deus Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte1
F/ L M Modino
"Nossas Pastorais Sociais são um modo de levar a semente do Reino de Deus, a vida do Reino de Deus, o modo do Reino de Deus. Esse modo do Reino de Deus que vai transformando a vida das pessoas, o Reino de Deus que vai dando muitos frutos. As nossas Pastorais Sociais que vão lançando, vão visibilizando o Evangelho, o Reino de Deus."

Formar os agentes pastorais na dimensão sociotransformadora é umas das prioridades do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). Para concretizar esse propósito foi iniciado nesta sexta-feira, 07 de junho, o Seminário Regional das Pastorais Sociais, com o tema “Amizade Social e o Compromisso Sociopolítico da Fé na construção do bem viver”, e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Partindo da parábola da semente, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, cardeal Leonardo Steiner, destacou que “Deus nos gerou para produzimos muito fruto, para abrigar, para sombrear, para levar vida, para alimentar, animar, esperançar”. Segundo ele, “nossas Pastorais Sociais são um modo de levar a semente do Reino de Deus, a vida do Reino de Deus, o modo do Reino de Deus. Esse modo do Reino de Deus que vai transformando a vida das pessoas, o Reino de Deus que vai dando muitos frutos. As nossas Pastorais Sociais que vão lançando, vão visibilizando o Evangelho, o Reino de Deus”.

Essas Pastorais Sociais são nomeadas pelo Papa Francisco na Bula de convocação para o Ano da Esperança, definindo-as, lembrou o arcebispo de Manaus, que disse que “são sementes de esperança as nossas Pastorais Sociais, nossas Pastorais Sociais elevam, lutam, alimentam, dessedentam, levando sempre esperança. As nossas Pastorais Sociais são transformadoras, não porque nós queremos, mas porque são evangélicas”. Ele fez um chamado a ter sempre diante dos nossos olhos, que “o Reino é sempre um Reino de esperança, porque é um Reino de transformação”, vendo o fato de levar a paz como missão das Pastorais Sociais e assim superar os diversos conflitos.

Com relação à amizade social e ao compromisso sociopolítico da fé para construirmos uma nova fraternidade, uma nova sociedade, mais justa, o presidente do Regional Norte1, denunciou a violência presente na sociedade e as mortes de muitos jovens que não vem a público, chamando a estar atento a essas realidades, como compromisso de fé, como missão da Igreja. Diante do fato da política ter perdido importância e da resistência frente a ela, desafiou a recuperar a política, lembrando que existe no Brasil um movimento da Igreja para isso. Ele insistiu para não desistir do exercício da política, pedindo que o Seminário anime a fazer “o Reino de Deus cada vez mais visível e cada vez mais presente”.

Um Seminário que é um espaço de formação para todos aqueles que tem que lutar cada dia com as coisas da cidade, segundo disse o bispo da diocese de Alto Solimões e referencial das Pastorais Sociais no Regional Norte1, em vista de que a sociedade nos subsidie em vista do bem comum. Ele animou a conhecer aquilo que Papa Francisco chama de boa política para poder chegar ao bem comum. Juntamente, dom Adolfo Zon denunciou que “falar de política hoje na nossa Igreja, para algumas pessoas, parece que é falar do diabo”.

O bispo lembrou do trabalho da Igreja católica no Brasil em busca de políticas públicas, denunciando a volta atrás e o desinteresse com relação à coisa comum na sociedade atual. Ele insistiu em que “a fé tem que ser encarnada, uma fé etérea, volátil, não existe”, isso porque “o ser humano, ele é ação, e os valores do Evangelho iluminam as nossas ações”. Daí ele disse que “uma boa política sem gente que se interesse, ela não vai chegar”, vendo a Doutrina Social da Igreja como conjunto critérios e diretrizes de ação para avançar em vista da melhor política, tendo como instrumento para isso a formação, animando os participantes do Seminário a ser multiplicadores nas bases.

Depois da apresentação, acolhida e mística, os 50 representantes das nove igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 participaram do Análise de Conjuntura, momento aberto ao público em geral, onde foi debatido sobre o “Compromisso sociopolítico do cristão/ã frente às eleições municipais”, que contou com a assessoria do advogado, economista e político, José Ricardo Wendling, ex-deputado federal. Ele iniciou sua fala se referindo ao sentido da política, afirmando que a política é cuidar das pessoas da cidade, é um serviço para a sociedade. Mas ao mesmo tempo denunciou um problema em volta da política, que leva a identificar a política com assistencialismo, esperteza, corrupção, e aos políticos com gente que não presta.

A política é um exercício da cidadania, lembrando o papel ativo da Igreja católica na luta por direitos garantidos da Constituição Brasileira de 1988. As políticas públicas devem ser construídas a partir das necessidades da população, segundo José Ricardo, reclamando a necessidade de debate e definir prioridades no orçamento público. O problema é, segundo o ex-deputado federal, que não há processo participativo, o povo não é ouvido, não há debate.

Com relação ao processo eleitoral destacou a importância do direito de votar, de se organizar em partido político, em associações e sindicatos, o direito de se candidato, refletindo sobre a necessidade de conhecer a ideologia dos partidos. Igualmente, José Ricardo mostrou o que é a Lei Eleitoral, que muda constantemente no Brasil, e o processo eleitoral, com chapas e alianças, mais por conveniência que por projetos comuns, e com pouco debate de propostas. Ele refletiu sobre o financiamento dos partidos, a compra de votos, assistencialismo e uso da máquina pública. Diante disso, o papel do Tribunal Eleitoral, a distribuição do fundo eleitoral, as Fake News e sua influência no processo eleitoral.

José Ricardo Wendling, diante das eleições municipais, falou sobre o papel dos prefeitos e vereadores, os desafios a ser enfrentados nas cidades, algo a ser considerado na hora de eleger prefeitos e vereadores, mostrando diversos exemplos disso. Ele refletiu sobre a grande e crescente influência de igrejas evangélicas, do tráfico de drogas. Com relação à Amazônia, mostrou o aumento de membros do poder legislativo que defendem a mineração e garimpo, o Marco Temporal e não demarcação de terras indígenas, a flexibilização de leis ambientais, a redução de Reserva Legal e mais desmatamento.

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