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24/07/2023 Hermínia Boudens, Pe. Marinaldo Serafim e Zanilza Pauli Edição 3961 Ver, Julgar e Agir, pistas dos XV Intereclesial das CEBs XV Intereclesial das CEBs - Rondonópolis MT
F/ Jakson Moreira
"Eu vi o surgimento de uma Igreja Sinodal. Eu vi: pessoas alegres, pessoas dançando, pessoas falando e cantando; Eu vi uma Igreja de Iguais..."

VER: o que vimos e sentimos no primeiro dia deste XV Intereclesial

Eu vi, eu vi, eu vi o surgimento de uma Igreja Sinodal. Eu vi: pessoas alegres, pessoas dançando, pessoas falando e cantando; Eu vi uma Igreja de Iguais: Padres dançando com leigas; leigos de mãos dadas com padres e bispos; vi padres acompanhando os passos de leigas, se esforçando para não errar. Eu vi pessoas partilhando: a partilha do pão, do café, do suco; a partilha da palavra.

Na fila do povo vi muitos homens falando, se expressando. Vi poucas mulheres se expressando. Tenham coragem vocês mulheres, para soltarem sua voz! Nesse dia do VER, vi muita empolgação, mas vi ainda pouco profetismo. Vi que muita transformação, em nossa Igreja, inclusive a volta às bases, depende ainda somente da boa vontade dos ministros ordenados. Deveria depender de uma espécie de "Políticas Eclesiais Publicas", que pudessem ser cobradas pelo Povo de Deus. Vi, então, uma Igreja Sinodal em construção, comparando-a com a nossa Cultura Popular do Povo Nordestino: inabalável, inesquecível, diversificada, festiva e inclusiva.

"Tudo está interligado, como se fossemos um; tudo está interligado, nessa casa comum." Eu ouvi: A mulher encantada com o caminhar e o rosto das primeiras comunidades cristãs, que se reuniram nas casas. Eu ouvi: A voz da mulher, proferindo a boa notícia de Jesus Cristo para todas as pessoas, preferencialmente as que não se encontram no centro. Eu ouvi, ouvi mesmo, que foi dito: "As Comunidades Eclesiais de Base são o jeito normal de a Igreja ser." Eu ouvi o que anima as nossas Comunidades: Permanecer na fé de Jesus (além de ter fé em Jesus); Permanecer na esperança dos testemunhos das pessoas das CEBs e de todas as lutas populares; Permanecer no amor à Vida: O amor à alimentação saudável, O amor à natureza, O amor ao próximo, O amor à liberdade O amor às causas da justiça, O amor ao Reino de Deus aqui na terra, O amor ao nosso Bom Deus. Portanto, permaneceremos na fé, na esperança e no amor. Sabendo que o maior deles, é o amor.

JULGAR: ecos emanados do encontro da Palavra de Deus com a realidade das comunidades

Eu vi e senti... Eu vi a vibração e os ecos da grande Casa Comum com expressões vivas através da oração que revelou o poder das diversas línguas dos povos originários. Eu senti na pele que quando se perde uma língua é o Espírito de um povo que morre. Eu vi que Deus entende todas as línguas, mas a colonização mata e oprime a vida dos povos. Eu senti que com a língua temos a expressão do ser. Por mais que poluam, por mais que matem, por mais que queimem nossos troncos, jamais conseguirão destruir nossas raízes.

Eu vi todos os povos irmanados... todos os povos são parentes-irmãos, no mesmo sonho, na mesma luta e na busca da terra sem males. Eu senti que nossas comunidades vibram e reagem vivamente à convocação do Papa Francisco para a construir uma Igreja em saída. Eu vi que a Sinodalidade é um caminho de comunhão, participação e corresponsabilidade. Eu senti que o caminho sinodal nos leva a comunhão. Nos leva a ser missionários, a ser fermento de transformação, a ser sal e luz para um mundo melhor para que todos tenham vida em abundância.

Eu vi que temos de ter e expressar alegria por sermos Comunidades Eclesiais de Base, pois o novo está em nossas mãos. Eu senti que precisamos ser provocados pelas necessidades de renovação. Eu vi a Ana Belém, com sua alma latina, pedir permissão para tocar todas as divindades presentes em cada um de nós e nos alertar que para ser CEBs precisamos estar no meio dos pobres. Eu senti a bendita mistura que os jovens podem nos ajudar a viver...

AGIR: pistas que indicam por onde as comunidades devem seguir

Eu vi que precisamos olhar para as Galileias da Juventude, lugares onde podemos encontrar no rosto e no olhar de cada jovem o Cristo presente. Eu senti que a ancestralidade presente em cada um de nós precisa amar e gostar da natureza. Eu vi que o agronegócio, a mineração e o marco referencial ferem e matam a harmonia da natureza e, consequentemente, ignora a história e a vida de todos nós e nossos povos originários.

Eu senti que sou natureza. Que no meu corpo tem água, terra e semente... Eu vi que a água que corre por cima da terra corre também como sangue em nossas veias. Eu senti que de um lado tem um projeto de morte, de destruição. Mas por outro lado temos um projeto de vida, de lutas por melhores condições de vida. É a luta pela justiça social. É a luta para viver o amor, é a luta pela solidariedade e a produção saudável.

Eu vi que das mãos das mulheres camponesas que plantam as sementes, que cuidam da terra e que produzem os alimentos nos vem a garra, o compromisso e a força necessária para lutar, vem a vida... Eu senti que acolher os migrantes é possibilitar novas experiências para a vida.

Não precisamos ter medo do diferente que vem até nós. Ei vi que o racismo não pode sobreviver no nosso meio. Que a mão do capital pode ser invisível, mas não é cega. Ela pesa e se impõe sobre a maioria preta. Eu senti que com racismo não teremos bem viver e não se chegará ao novo céu e nova terra.

Eu vi que não podemos desanimar na caminhada... não podemos deixar que nos roubem a alegria de ser CEBs. Eu senti que não podemos desistir da caminhada. Nossa Fé é comunitária. É preciso cuidar da comunidade.

Eu vi que não podemos banalizar a missão. Ela é um modo de vida construído no cotidiano na lógica do evangelho. Missão é de todos nós. Eu senti que não podemos deixar morrer a profecia e a Palavra de Deus feita carne na humanidade e na defesa dos direitos dos pobres e marginalizados. Eu vi que não podemos perder a esperança criativa, comprometida e lúcida diante das dificuldades. Eu vi e senti que um novo céu e uma nova terra é possível e real.

Hermínia Boudens, Pe. Marinaldo Serafim e Zanilza Pauli

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