Por Antônio Carlos Santini
PALAVRA DE VIDA
26/08/2025 – O dízimo da hortelã... (Mt 23,23-26)
Não, a Lei mosaica detalhada pelos rabinos judeus não mandava pagar esse tipo de dízimo. Esta lembrança é quase uma ironia de Jesus ao fazer distinção entre as coisas fundamentais da relação com Deus e as minúcias insignificantes que podem se infiltrar nessa mesma relação.
Comenta a Bíblia de Navarra: “A hortelã, o endro (ou anis) e o cominho são ervas que os judeus cultivavam e empregavam para aromatizar as casas ou para condimentar a comida. Sendo produtos insignificantes, não entravam no preceito mosaico do pagamento dos dízimos (Lv 27,30-33; Dt 14,22ss); este dizia respeito aos animais domésticos e a alguns produtos mais correntes do campo: trigo, vinho, azeite etc. Não obstante, os fariseus, para ostentar o seu respeito escrupuloso pela Lei, pagavam os dízimos inclusive daquelas ervas. Era uma falsa manifestação de generosidade e de acatamento da Lei. O Senhor não a despreza nem a rejeita, apenas restabelece a ordem das coisas. É inútil cuidar os pormenores secundários, se não se cuidam as coisas fundamentais e verdadeiramente importantes: a justiça, a misericórdia e a fidelidade”.
Aí está: restabelecer a ordem das coisas. Ou seja, uma hierarquia de valores na prática religiosa. A celebração eucarística vale mais que o grupo de oração. Pena que os fiéis só chegaram para o grupo... A confissão auricular vale mais que a procissão. Pena que o confessionário continua vazio... A formação catequética vale mais que o bingo paroquial. Pena que só este último atrai multidões...
Filtramos o mosquito. Engolimos o camelo. Certamente, não é isto que o Senhor espera da comunidade cristã. Há coisas importantes que - há bom tempo - estão sendo relegadas a segundo plano em nossa vida religiosa. Os casais que vão à missa também rezam em casa? Os fiéis que aplaudem o Lecionário no templo ainda encontram tempo, em casa, para a leitura pessoal da Bíblia? As viagens aos santuários da Europa substituem a visita aos doentes da comunidade?
Certos grupos que se apresentam como “renovados no Espírito” têm merecido reprovação dos párocos pela incapacidade de estabelecer uma adequada hierarquia quanto às práticas religiosas. O aparente entusiasmo com as coisas de Deus não se traduz no compromisso com as necessidades imediatas da Igreja.
Ora, o futuro da Igreja está em pequenas comunidades reunidas em torno da Palavra de Deus, firmes na oração comum e na ajuda mútua, autênticos pulmões para a respiração da Igreja. E isto não é hortelã. É trigo integral...
Orai sem cessar: “Meu coração está pronto, ó Deus!” (Sl 57,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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