Por Luis Miguel Modino
Uma Igreja que vive a alegria do Evangelho, com protagonismo laical e feminino. Uma Igreja onde a sinodalidade se concreta na escuta a todos e é vivenciada nas pequenas comunidades espalhadas na beira dos rios da região do Médio Solimões. Tudo isso apareceu na VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé, que acolheu a paróquia São Joaquim de Alvarães de 9 a 13 de julho.
Aqueles que sustentam a vida das comunidades
Mil participantes, dentre eles um bom número de jovens, mas também gente que tem vivido ao longo de décadas sua fé em comunidades distantes. Na prelazia de Tefé esse protagonismo laical se concretizou no grande número de catequistas, coordenadores de setor e tantos outros ministérios e serviços. Homens e mulheres que fizeram carne o Evangelho, que sustentaram a vida de fé das comunidades, diante do pouco número de presbíteros presentes nessa igreja local.
O desafio diante de um momento tão importante e enriquecedor é levar o vivenciado, a alegria presente entre os participantes, de volta para as comunidades, segundo ressaltava o bispo local, dom José Altevir da Silva. Uma experiência, um modo de ser Igreja, que tem tocado o coração dos visitantes, segundo testemunhou o diretor das Pontifícias Obras Missionárias de Porto Rico, José Orlando Camacho Torres, padre espiritano, que já foi missionário na prelazia de Tefé.
Ser cada vez mais uma Igreja sinodal em saída
Um encontro que tem refletido sobre os caminhos a seguir como Igreja nos próximos anos, ser cada vez mais uma Igreja sinodal em saída, tema que guiou os passos da assembleia. Foram sugeridas algumas pistas de ação que serão incluídas nos caminhos que fazem parte do Plano Pastoral da prelazia de Tefé. Propostas com relação aos influenciadores digitais, que levem a implantar e fortalecer as equipes da Pastoral da Comunicação nas paróquias e comunidades tendo em conta a realidade local, incentivando a formação nesse âmbito e criando estratégias para ajudar na evangelização através das mídias sociais.
A Igreja de Tefé pretende, no campo da ecologia integral buscar parcerias com órgãos públicos, chegar nas famílias como espaço de formação e conscientização sobre o cuidado da casa comum. Um trabalho a ser realizado também na catequese e com espaços de formação nas comunidades, criando uma Pastoral Ecológica que atue de forma transversal. Comunidades que em vista da fraternidade e a justiça social incentivem os mutirões, fortaleçam as ações de acolhida, com maior presença da Caritas para assim realizar ações concretas em parceria com as pastorais sociais.
Em uma igreja local que tem vivido a missionariedade ao longo da história, a prelazia de Tefé busca avançar na formação para fortalecer a espiritualidade e criar oficinas para promover a união, promover e formar novas lideranças e trabalhar a Pastoral Vocacional, fazer visitas missionárias e gerar processos que vão além dos eventos. Uma Igreja que quer avançar na superação da polarização, incentivando o diálogo nas comunidades, fomentando a formação em fé e política, de modo especial entre a juventude, progredindo na sinodalidade, com seminários sobre essa temática para ajudar a construir pontes e não muros.
Mulheres que sustentam a caminhada da Igreja
A assembleia foi encerrada com uma caminhada nas ruas de Alvarães e uma Eucaristia de envio presidida pelo bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Ele iniciou sua homilia reconhecendo a importância das mulheres nas comunidades, mulheres que o bispo quer tenham cada vez mais presença nas instâncias de decisão da igreja local, “porque são elas que sustentam com a graça de Deus a caminhada da nossa igreja”.
Uma celebração que encerrou dias de assembleia, onde “nós vivemos momentos de escuta, de comunhão, de partilha, e acima de tudo de renovação da esperança”, enfatizando que “o pobre vive da esperança, e nós vamos saindo daqui com esperança renovada”.
A Palavra do Senhor está nas comunidades
O bispo recordou que na primeira leitura do XV Domingo do Tempo Comum “o Senhor nos lembra que a sua palavra não está distante”, afirmando que ela está “no coração, nos lábios, na Amazônia profunda, nas comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas, nos rostos jovens e comprometidos que nós vimos durante esta assembleia. Junto com isso, a palavra do dia, na segunda leitura, quando diz que “Cristo é a imagem de Deus invisível”, isso nos mostra que “como comunidade, somos treinados a perdoar”.
A exemplo do samaritano, o bispo fez um chamado a ser uma igreja que se compadece, que não passa longe, que abraça, a igreja da proximidade, uma igreja que se detém, que cuida e serve com a Igreja Samaritana. Por isso, o bispo disse que “saímos dessa assembleia como missionários cheios do Espírito, com o coração ardente, prontos para receber as comunidades que representamos, rostos jovens, laicais, rostos dos leigos e leigas, rostos tão diferentes”.
Fé encarnada, luta pela justiça, cuidado da casa comum
Uma assembleia que foi tecida pela beleza da diversidade e agora deve “levar as comunidades à fé encarnada, iluminada pela luta e em busca da justiça, da dignidade e do cuidado para nossa casa comum”. O bispo agradeceu o povo de Alvarães pela acolhida e aos participantes, especialmente aqueles que precisaram de 16 dias fora de casa para participar da assembleia, que disse ser testemunho de “amor à causa da vida”. Uma assembleia que mostrou que “o Espírito já está soprando novos ventos sobre a nossa missão”.
O bispo pediu que “Nossa Senhora da Amazônia, nossa companheira na missão, nos acompanhe ao longo dos rios, florestas e cidades da Amazônia. Que sejamos samaritanos na Amazônia, sensíveis à dor, firmes na esperança ousados na profecia.” Para isso, “sigamos juntos, pois o reino de Deus está próximo, está entre nós, está em nós!”
Um verdadeiro Pentecostes
Uma assembleia que encerra “com o coração cheio de gratidão e alma renovada”, disse o bispo, que definiu os dias vividos como “um verdadeiro Pentecostes: o Espírito Santo soprou em nossas comunidades, renovando esperanças, reacendendo compromissos, fortalecendo laços”, disse dom Altevir no final da celebração. Ele destacou o caminho de preparação da assembleia e mais uma vez agradeceu a paróquia São Joaquim de Alvarães e todas as pessoas que ajudaram e acolheram os participantes em suas casas.
Uma assembleia que, em palavras do bispo, cumpriu sua missão: “fortalecer as CEBs como espaço de compromisso com a justiça, com os pobres, com o Reino de Deus.” Uma assembleia que é encerrada “com a certeza de que o Senhor caminhou conosco”, enfatizou o bispo, que fez um chamado a participar na VII Assembleia das Comunidades de Base da Prelazia de Tefé, a ser realizada na paróquia Nossa Senhora de Guadalupe de Fonte Boa, em 2029. Uma nova etapa que deve ser marcada “pela ousadia missionária, pela profecia libertadora e pela alegria de sermos Igreja em saída”, concluiu dom Altevir.
[Mauro Nascimento] Aqui reside o perigo de um cristianismo que, como adverte o Evangelho, "coa o mosquito e engole o camelo" (Mateus 23, 24). Dogmatiza-se o costume, o acidental, e esquece-se o essencial. A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), o documento que rege a celebração da Missa, não é um manual de regras inflexíveis, mas uma "instrução pastoral e ritual". Seu objetivo é guiar os fiéis a uma participação "consciente, ativa e plena, de corpo e espírito".
14 julho 2025O objetivo da assembleia é “Fortalecer a Sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé”, e assim reavivar a fé e a vida em comunidade como Igreja. Isso em um encontro que é partilha, oportunidade para lançar as redes em águas mais profundas. Um encontro de peregrinos de esperança que, movidos pela dinamicidade do Divino Espírito Santo, tem se sentido acolhidos em uma Igreja que ao longo dos anos assumiu um caminho comunitário, formativo, missionário, profético e vocacional.
14 julho 2025São as comunidades eclesiais de base que evangelizam o interior da Amazônia, mas também levam a Boa Notícia às periferias das cidades. Elas assumem as palavras de Papa Francisco, que dizia que “evangelizar é tornar presente o reino de Deus no meio de nós”, segundo lembrou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, padre Dário Bossi.
14 julho 2025A carta rejeita “a lógica do lucro desenfreado que alimenta esse projeto. É a mesma lógica que desmata, polui, expulsa famílias, povos e comunidades, silencia vozes, envenena rios e destrói o futuro das gerações. O capital que tudo quer dominar despreza a floresta, os peixes, os povos e os sonhos.” Diante disso mostra a importância “dos saberes e cuidados tradicionais necessários para preservar e sustentar a existência.”
14 julho 2025