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Francisco encerra o Sínodo apelando à Igreja para que não fique sentada, muda, cega ou estática

Por Por Luis Miguel Modino

Agora podemos dizer que terminou a Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, não o Sínodo, que é um processo, não a Sinodalidade, que é um modo de ser Igreja. O final coincidiu com uma missa na Basílica de São Pedro, na qual o Papa Francisco foi mais uma vez preciso nas suas palavras, como tem sido nos seus discursos desde 2 de outubro.

O modo de ser Igreja

“Irmãos e irmãs: não uma Igreja sentada, mas uma Igreja de pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que ouve o grito da humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva a luz do Evangelho aos outros. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo”, sublinhou na sua homilia.

Francisco começou as suas palavras falando da figura de Bartimeu, “um marginal sem esperança que, no entanto, ao ouvir Jesus passar, começa a gritar-lhe”. Nesta situação, “a única coisa que lhe resta é isso: gritar a sua própria dor e levar a Jesus o seu desejo de recuperar a vista. E enquanto todos o repreendem porque a sua voz os incomoda, Jesus para. Porque Deus ouve sempre o grito dos pobres, e nenhum grito de dor lhe passa despercebido”.

Não ficar parado

No final da Assembleia Sinodal, um momento de ação de graças, o Papa apelou a uma pausa no que acontece a Bartimeu, que se senta a mendigar. Esta é, segundo Francisco, a postura típica de “uma pessoa fechada na sua própria dor, sentada à beira da estrada, como se nada mais lhe restasse do que esperar receber alguma coisa dos muitos peregrinos que passavam pela cidade de Jericó por ocasião da Páscoa”. Perante esta posição, afirma que “para viver verdadeiramente não podemos ficar sentados: viver é sempre mover-se, caminhar, sonhar, fazer projetos, abrir-se ao futuro”.

A partir daí, sublinhou que “o cego Bartimeu representa também aquela cegueira interior que nos bloqueia, que nos faz ficar parados, imóveis à margem da vida, sem esperança”, uma reflexão que devemos fazer pessoalmente e como Igreja. Isto porque “ao longo do caminho, muitas coisas podem tornar-nos cegos, incapazes de reconhecer a presença do Senhor, incapazes de enfrentar os desafios da realidade e, por vezes, inadequados para saber responder às muitas questões que nos interpelam, como Bartimeu faz com Jesus”.

Não nos acomodarmos ao nosso próprio mal-estar

O Papa pediu-nos para não ficarmos sentados perante as questões, os desafios e as urgências da evangelização e as muitas feridas que afligem a humanidade, não podemos ficar sentados. “Uma Igreja que, quase sem se dar conta, se afasta da vida e se coloca à margem da realidade, é uma Igreja que corre o risco de permanecer na cegueira e de se acomodar no seu próprio mal-estar”, disse o Papa. E, continuou, “se permanecermos imóveis na nossa cegueira, continuaremos a não ver as nossas urgências pastorais e os muitos problemas do mundo em que vivemos”. 

Perante isto, apelou a recordar que “o Senhor passa, o Senhor passa sempre e para, para tomar conta da nossa cegueira”. Referindo-se ao Sínodo, pediu que isso nos impulsione “a ser a Igreja como Bartimeu, isto é, a comunidade dos discípulos que, ouvindo passar o Senhor, se apercebe do choque da salvação, se deixa despertar pela força do Evangelho e começa a gritar-Lhe. E fá-lo acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra: o grito daqueles que querem descobrir a alegria do Evangelho e daqueles que se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; a voz quebrada daqueles que nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram”. Por isso, afirmou com veemência que “não precisamos de uma Igreja paralisada e indiferente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para o servir”.

Ser capaz de seguir Jesus

Num segundo elemento, Bartimeu acaba por seguir Jesus no caminho, ou seja, torna-se seu discípulo. Agora, Bartimeu “pode ver o Senhor, pode reconhecer a ação de Deus na sua vida e, finalmente, pode segui-lo”. Algo que aplica às nossas vidas: “quando nos sentamos e nos acomodamos, quando, como Igreja, não encontramos a força, a coragem e a audácia para nos levantarmos e voltarmos a pôr-nos a caminho, lembremo-nos de regressar sempre ao Senhor e ao seu Evangelho”.

Para Francisco, “sempre e de novo, quando ele passa, devemos escutar o seu chamamento, que nos põe de pé e nos faz sair da nossa cegueira. E depois segui-lo de novo, caminhar com ele ao longo do caminho”. Em “segui-lo ao longo do caminho”, reconhece uma imagem da Igreja sinodal: “o Senhor chama-nos, levanta-nos quando estamos abatidos ou caídos, dá-nos uma nova visão, para que, à luz do Evangelho, possamos ver as preocupações e os sofrimentos do mundo; e assim, postos de pé pelo Senhor, experimentamos a alegria de o seguir ao longo do caminho”.

Não caminhar por conta própria

Por isso, apelou a que nos lembremos sempre: “não caminhar sozinhos ou segundo os critérios do mundo, mas caminhar juntos atrás d”Ele e com Ele”. Refletindo sobre o restauro da relíquia da antiga Cátedra de São Pedro, apelou a que se recordasse que “esta é a cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o mandato que Jesus deu ao Apóstolo Pedro, de não dominar os outros, mas de os servir na caridade. E, olhando para o majestoso baldaquino de Bernini, mais resplandecente do que nunca, redescobrimos que ele enquadra o verdadeiro ponto focal de toda a Basílica, ou seja, a glória do Espírito Santo”.

Concluiu dizendo que “esta é a Igreja sinodal: uma comunidade cujo primado está no dom do Espírito, que nos torna todos irmãos em Cristo e nos eleva até Ele”. A partir daí, apelou a prosseguir “com confiança o nosso caminho juntos”, recordando as palavras do Evangelho: “Coragem, levanta-te! Ele chama-te”, e convidou-nos a “pôr de lado o manto da resignação, entregar ao Senhor a nossa cegueira, levantar-nos e levar a alegria do Evangelho pelas estradas do mundo”.

 

 

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