Por Rudá Ricci
Comecei a ler comentários de analistas europeus sobre o significado da morte de Mujica. Um analista em particular atraiu minha atenção: Daniel Oliveira. Daniel é colunista do jornal português Expresso e um famoso blogueiro que assessorou o Bloco de Esquerda, uma espécie de PSOL de Portugal.
No seu comentário sobre Mujica, logo no início faz uma observação que meu laçou imediatamente. Diz: “E tenho muito mais inveja da liberdade conquistada pelo despojamento do que da lamentável solidão e do risível exibicionismo de Musk. A redução da política à tecnocracia destruiu a sua função inspiradora e profética, sem a qual é gestão.”
Nesses dias, Mujica foi quase uma unanimidade, com exceção dos sempre chatos e mal-amados bolsonaristas, uníssonos em seus comentários sem alma ou cérebro.
A quase unanimidade dizia respeito à aura de outsider que Mujica construiu. Uma espécie de outsider absolutamente fora da caixinha até mesmo para o perfil de outsiders políticos deste século. Neste século, outsider é radicalmente contra da a institucionalidade política, mas seu exemplo claudica na primeira disputa eleitoral e vai capengando a cada passo na sua trajetória até que só resta a raiva incontida por não alcançar seu objetivo ou perder o que havia amealhado.
Mujica foi desenhado alguns momentos após sua morte com este manto que Daniel Oliveira descreveu que alimentava sua inveja: o despojamento. Esse predicado peculiar sempre impactou as pessoas e o status quo. Porque parece jogar na cara que é um nirvana tão inatingível que nos absolve de abdicar de tudo. Em resumo, se fosse um dos mandamentos, estaríamos perdidos. Porque uma coisa é não cobiçar e outra é desejar que o outro não alcance o que você não tem.
E é aí que entra Mujica. O despojamento lhe deu uma liberdade de pensamento que se tornou desconcertante. Estamos acostumados a ver líderes se vestindo como se estivessem saindo de uma festa, quase sempre jogando com os jornalistas e realizando movimentos circulares de gato-e-rato com a oposição.
Os políticos bem-sucedidos são aqueles que vencem sempre ou que são tão hábeis que quando perdem, parecem ter vencido. São bons administradores, muitas vezes cáusticos e desumanos na condução da política fiscal ou são carismáticos a ponto de falarem olhando para o espelho e enlouquecendo as massas ou, ainda, são brutos e inflexíveis ou raposas com pendor ao frasismo. Mujica não era nada disso.
Os comentários sobre seu legado apontam para o inatingível e para o quase contraditório para um político.
A grande imprensa se embasbacava em citar que foi guerrilheiro implacável, mas que foi preso, torturado e perdeu os dentes de tanto apanhar, ficando em solitária durante anos e anos. O que tiveram dificuldades para explicar é a linha que liga este passado com a candura e humanismo depois que a ditadura uruguaia se foi. Ocorre que ele próprio dava a resposta quando analisava o papel dos militantes.
Mujica se perguntava como seria a condição humana sem militantes. Afirmava que não são pessoas perfeitas, mas entregam a alma por um punhado de sonhos. Aqui estava a chave que ligava seu passado guerrilheiro ao presente. Mas, que para uma grande empresa – de comunicação ou qualquer outra – fica inviável escutar.
O despojamento franciscano do líder uruguaio lhe dava alforria para afirmar que Maduro é um ditador. Em muitos grupos progressistas, lembrar esta afirmação de Mujica gera sorrisos amarelos, um desconforto nítido de quem se vincula mais às polarizações em confronto que aos princípios.
O despojamento lhe deu condições morais para defender e implantar a descriminalização da maconha, o aborto legalizado ou casamento homoafetivo. Algo impensável para um governante progressista brasileiro nos dias atuais. Porque os líderes progressistas brasileiros se acomodaram ao que pensam as massas e não as contestam nunca. Na verdade, deixaram de liderar para conquistarem mais likes.
Mujica era um outsider dentro do espectro outsider. Um ponto fora da curva. Um grilo falante que mostrava que a decisão de ser de esquerda vai muito além de ganhar uma eleição. Significa abraçar princípios que, não raro, os tornam outsiders.
[Mauro Nascimento] Aqui reside o perigo de um cristianismo que, como adverte o Evangelho, "coa o mosquito e engole o camelo" (Mateus 23, 24). Dogmatiza-se o costume, o acidental, e esquece-se o essencial. A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), o documento que rege a celebração da Missa, não é um manual de regras inflexíveis, mas uma "instrução pastoral e ritual". Seu objetivo é guiar os fiéis a uma participação "consciente, ativa e plena, de corpo e espírito".
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