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13/11/2022 Luis Miguel Modino Edição 3953 Núcleo Direitos Humanos REPAM: conectando vozes do território com organismos internacionais
F/ CNBB Norte 1
"A REPAM está se consolidando como uma garantia que ecoa a voz das comunidades, promovendo o cuidado da casa comum e da vida humana, confrontando o modelo econômico dominante e favorecendo as economias locais. Uma organização que é um ator social e político, ocupando espaços em organizações internacionais através de seus líderes."

Um encontro em que a luta pela terra e pelos territórios, pelos povos que habitam a Amazônia, se fez presente. O Núcleo de Direitos Humanos da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) quer continuar avançando na defesa daqueles que não contam. O encontro acontece em Manaus nos dias 8 e 9 de novembro, mas alguns dos participantes estarão presentes virtualmente, cada um dos territórios onde estão lutando por uma Amazônia que é fonte de vida no coração do Planeta e da Igreja.

Uma oportunidade para "pedir ao Espírito que nos ajude a continuar a caminhada", nas palavras do Padre Peter Hughes. E para fazê-lo na REPAM, que sempre colocou o território no centro e que vê neste encontro uma oportunidade de retornar ao território com novos olhares e nova sensibilidade, para "aprender a escutar o grito da Terra", como nos diz o Papa Francisco em "Laudato Si", numa Amazônia que, nas palavras do Santo Padre em Puerto Maldonado, é "uma terra invadida". Tudo isso é consequência da busca ilegal de recursos naturais, o que faz da terra uma vítima deste tipo de atividade, baseada em uma falsa promessa de desenvolvimento, que o Papa Francisco chama de "atividade criminosa" na Querida Amazônia.

Ouvir a Terra e seus habitantes

A REPAM é chamada a insistir em ouvir a Terra e seus habitantes, os povos originários, os pobres, de acordo com Peter Hughes. Uma visão que precisa ser integrada, porque o mundo está passando por uma única crise, que levanta muitas questões e oferece poucas respostas no atual cenário global. Uma realidade que a pandemia trouxe à luz, revelando o descaso sofrido pela Amazônia e seus povos e a necessidade de mudança para evitar uma catástrofe planetária.

Um chamado à vida, à esperança, ainda mais diante dos gritos do território que perturbam aqueles que fazem parte do Núcleo de Direitos Humanos da REPAM: mineração ilegal, vulnerabilidade dos povos, defesa legal contra as agressões, destruição de culturas. A partir daí, a REPAM pede um caminho de libertação, no qual os direitos dos povos, dos líderes, dos territórios desempenham um papel, e a REPAM é chamada a ser um acompanhante criativo.

Um território que "precisa urgentemente de mudanças radicais", nas palavras de Peter Hughes, algo expresso no primeiro sonho do Papa Francisco na Querida Amazônia, que leva a ouvir a voz e a respeitar a dignidade dos povos. Para que isto seja efetivo, é necessário abrir um novo caminho, no qual é necessário afirmar que não há mudança sem direitos, insistiu o Padre Hughes, chamando a ir além do pensamento desejoso para uma mudança real. Isto se tornou realidade na Escola do Núcleo de Direitos Humanos da REPAM, que já teve três edições, com um impacto muito poderoso quando se trata de produzir mudanças, o que colocou verdadeiros instrumentos nas mãos dos povos originários para que a voz da Amazônia, em um trabalho de advocacia, possa ser ouvida, inclusive em organismos internacionais.

Um trabalho que conecta vozes, que abre portas nas Nações Unidas, na Organização dos Estados Americanos, na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que valorizam e respeitam o caminho percorrido pela REPAM. Segundo Hughes, este trabalho deve crescer entre o Núcleo de Direitos Humanos e os outros núcleos e esferas da REPAM, chamando a reforçar este caminho e a estar muito consciente de avançar ao longo de um caminho sinodal.

Fazer ecoar a voz das comunidades

A REPAM está se consolidando como uma garantia que ecoa a voz das comunidades, promovendo o cuidado da casa comum e da vida humana, confrontando o modelo econômico dominante e favorecendo as economias locais. Uma organização que é um ator social e político, ocupando espaços em organizações internacionais através de seus líderes, de uma eclesialidade exterior, promovendo a liderança do território e a interconexão através de um acompanhamento sistemático, criando redes de proteção para continuar lutando, com uma espiritualidade que se engaja.

Uma linguagem de gratuidade, de fé, de espiritualidade encarnada, em um caminho, aberto pelo Papa Francisco, que coloca a escuta como pedra angular, ouvindo o território e seus povos, segundo Peter Hughes. Uma escuta crente que nasce de uma fé que é um dom de um Deus que é amigo e nos acompanha até o fim. Escutar o Espírito de Deus, presente no que o povo fala, uma escuta que é uma arte de poder discernir a voz de Deus que está presente no povo. Não é fácil, lembra Hughes, em uma Igreja mais acostumada a falar do que a ouvir, e desafiada a descobrir uma nova maneira de fazer as coisas.

Um núcleo que tem uma história, que pode ser dito ter nascido antes da própria REPAM, na qual encontrou um aliado. Estas foram experiências relacionadas aos direitos humanos em vários países da região Pan-Amazônica, como Mauricio López lembrou. O objetivo era buscar o protagonismo dos atores no território em busca da demanda por direitos humanos, dar-lhes voz nos espaços internacionais, acompanhar as ameaças, ter impacto, proporcionar-lhes formação que depois é replicada nos territórios. Um instrumento que ajudou a criar uma jurisprudência interamericana sobre a realidade da Amazônia e para a Igreja levar as queixas dos povos aos organismos internacionais.

Algo que se tornou realidade em momentos específicos, que ajudaram a tecer alianças, fazendo contribuições que transcenderam a própria Amazônia, como lembrou Sonia Olea da Caritas Espanhola. É uma questão de fazer realidade novas metodologias de ser rede, de avançar por um caminho que nem sempre é fácil, de chegar a resultados que emergem de itinerários de advocacia e longos processos de relatórios, onde um elemento decisivo é recolher a voz dos vulneráveis. A partir daí, são geradas estratégias que tornam os direitos humanos, tão necessários quanto distantes na Amazônia, uma realidade na vida do povo.

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