As violências contra os povos indígenas no ano de 2020 adquiriram características de perversidade e desumanidade nunca vistas. E foram protagonizadas por invasores patrocinados pelo governo brasileiro. Não houve escrúpulos em estimular a invasão das terras para exploração garimpeira, madeireira e para a grilagem.
Nunca antes na história deste país um governo atuou de forma tão escandalosa e premeditada, no sentido de estimular a devastação e a destruição de parcelas do patrimônio público, as terras indígenas e as áreas ambientais.
Os incêndios nas florestas estão nas memórias dos brasileiros e brasileiras. Foram dias, semanas e meses intermináveis de queimadas criminosas. Queimaram centenas de milhares de hectares de florestas. E não somente as árvores sucumbiram: foram exterminadas todas as vidas existentes nas áreas consumidas pelo fogo.
Os crimes e os danos são imensuráveis. Não há precedente, pelo que se sabe, de tamanha brutalidade ocorrida no Brasil num espaço de tempo tão curto. Em apenas alguns meses atacaram com brutalidade, ao mesmo tempo, todos os biomas e o ecossistema. As vidas viraram cinzas. Serão décadas para que biomas e seus ecossistemas se recuperem minimamente.
Além de incentivar as queimadas das florestas, o governo promoveu a invasão de garimpeiros em diferentes regiões da Amazônia, de modo mais dramático nas terras Yanomami e Munduruku. Dezenas de milhares de garimpeiros adentraram estes territórios, onde promovem todo tipo de violência e contaminação. Ou seja, depois do fogo se investiu na destruição dos mananciais hídricos, contaminando todos os rios, lagos e córregos. Os ataques à vida direcionaram-se às pessoas e a todos os demais seres vivos.
Para tantos crimes havia um único objetivo: expandir as invasões de terras para a exploração econômica sem restrições ambientais, legais, sociais, políticas e jurídicas.
O comando para essa saga destrutiva veio do governo federal. E, exatamente por isso, o presidente da República vem sendo denunciado internacionalmente pela prática de genocídio.
As marcas da violência contra a vida foram estampadas durante meses através dos telejornais, nos quais se pôde observar a fumaça, o fogo e as cinzas. Sob elas haviam vidas humanas, vidas da fauna e a flora que sucumbiram.
O Conselho Indigenista Missionário – Cimi denuncia, através deste relatório, o governo brasileiro pelos crimes contra a vida, que ultrapassam a omissão e negligência no enfrentamento à pandemia – fato marcante no ano de 2020 que se soma aos crimes praticados contra a nossa Mãe Terra para favorecer uma economia criminosa e predatória.
Francisco nos ensina que “viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa” (Laudato Si’). O Cimi seguirá divulgando as violências e cobrando medidas para a proteção das comunidades indígenas, de seus anciãos, de suas crianças, do meio ambiente.
Nossas denúncias visam também o apoio de pessoas, instituições, organismos e entidades no Brasil e no exterior. Se não enfrentarmos esse governo agora, ele destruirá todas as nossas conquistas legais, sociais e culturais. Ou nos levantamos contra o totalitarismo agora ou ele continuará a nos flagelar. Continuamos com a missão de denunciar quem promove a violência e na luta incansável pela justiça e pelo bem viver.
Dom Roque Paloschi - Presidente do Cimi e arcebispo de Porto Velho
Acesse o relatório completo: Relatório violência contra os povos indígenas no Brasil 2020
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