Por IHU
Massacre no Rio de Janeiro: a banalização do extermínio reforça o populismo penal e o racismo estrutural.
O triste e violento episódio no Rio de Janeiro, quando cerca de 2.500 policiais avançaram sobre morros predominantemente pobres na madrugada com o objetivo de cumprir mandados de prisão, tornou-se uma tragédia de proporções enormes. Foram 121 pessoas mortas — 117 “suspeitos” e quatro policiais — e pelo menos 113 detidas. Cenário de fumaça, tiros e corpos trazidos de mata à praça pública, inclusive por crianças que ajudaram a estender cadáveres. Essa realidade brutal evidencia que se ultrapassou o uso proporcional da força e entrou no campo da extermínio explícito. Como bem ponderou o sociólogo José Claudio Alves: “Eles já entraram ali para matar”.
O governador Cláudio Castro saudou a operação como “sucesso”, ignorando o panorama de corpos e o silêncio sobre uma vida que vale e uma vida que não vale. A socióloga Carolina Grillo denunciou que tal discurso reforça o desprezo do poder público pelas vidas negras que habitam favelas e periferias — justamente aqueles que deveriam ter maior proteção. O que se assiste ali é uma política de extermínio: operacionais de segurança que jamais visam a transformação social ou redução de violência de modo justo, mas sim golpes de anúncio midiático à máquina punitiva.
Mais do que isso, esse episódio escancara como o racismo estrutural se manifesta no cotidiano do Estado brasileiro: a frequência com que o corpo negro é tratado como alvo, a normalização quase indiferente da morte na periferia enquanto se acentua o discurso moralizante contra o crime. A operação não questiona quem financia o tráfico de drogas, quem se beneficia da desigualdade ou como o crime e o Estado se cruzam em regimes de poder invisíveis. Como alertou Alves, trata-se de “meramente uma dimensão de descarga punitiva das leis” que mira os “mais pobres, os favelados, os periféricos”.
É imprescindível perguntar: qual horizonte de política de segurança pública consideramos aceitável? O professor Cândido Grzybowski lembrou que não avançaremos sem uma formulação baseada em cidadania ativa, direitos iguais e atenção especial à diversidade — pilares que largamente faltaram no teatro desta tragédia. Este massacre representa um alerta claro à sociedade brasileira: quando a morte se banaliza, quando transparência e responsabilidade são silenciadas, a democracia se retraí e a barbárie se naturaliza. O desafio é urgente: rediscutir segurança, recalibrar poder, acolher vida — sobretudo nas periferias que vivem à margem da proteção estatal.
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A operação comandada pelo Estado no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão revela como o uso da força se legitima no discurso de “segurança”, enquanto populações pobres e negras são tratadas como alvo — e não como cidadãs — na “guerra ao crime”.
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