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10 anos após a Laudato Si, 200 universidades se reúnem no Rio para preparar a COP30

Por Luis Miguel Modino

Estamos prestes a comemorar o 10º aniversário de um documento histórico do Magistério Pontifício, a Laudato Si. Um documento de grande impacto para a Igreja Católica, para a sociedade e para o mundo científico, que é muito atual, dada a crise socioambiental pela qual o Planeta está passando.

Universidades para o cuidado da Casa Comum

Uma data que motivou a convocação do II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum, com a participação de representantes da América do Norte, América Central, América do Sul e Península Ibérica. Será realizado de 20 a 24 de maio de 2025 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), buscando consolidar o compromisso universitário com o cuidado da Casa Comum.

Organizado pela Rede Universitária para o Cuidado da Casa Comum (RUC), o encontro conta com o apoio da Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL), da qual o Cardeal Robert Prevost, hoje Papa Leão XIV, foi presidente, por meio da iniciativa Construindo Pontes. É uma continuação da primeira reunião “Organizando a Esperança”, realizada em 2023 na Santa Sé com a participação do Papa Francisco.

Em vista da COP30

Junto com o 10º aniversário da Laudato Si, não podemos nos esquecer da COP30, que também será realizada no Brasil, especificamente em Belém do Pará. Nesse contexto, representantes do mundo acadêmico, governamental e eclesiástico, bem como de organizações multilaterais, estarão reunidos na PUC-Rio. O objetivo é uma proposta sinodal que promova a escuta, o discernimento coletivo e a ação concreta diante da crise socioambiental. É uma oportunidade de levar adiante as propostas iniciais do Papa Leão XIV, que defende a construção de pontes de paz e o desenvolvimento dos povos.

O evento contará com a participação do Dicastério para a Cultura e Educação, presidido pelo Cardeal Tolentino, da Associação de Universidades Jesuítas da América Latina (AUSJAL), do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), da Caritas América Latina e Caribe, além do governo brasileiro. Entre os apoiadores estão a Porticus, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

Quatro sonhos da Querida Amazônia

O pano de fundo do encontro são os “quatro sonhos” estabelecidos pelo Papa Francisco na Querida Amazônia: social, cultural, ecológico e eclesial. No último dia, sábado, 24 de maio, será realizado um evento público comemorativo no Cristo Redentor, celebrando a década da Laudato Si.

Um encontro, com representação de mais de 200 universidades públicas e privadas, que retoma o desafio lançado pelo Papa Francisco em 2013 na JMJ do Rio: “Façam uma bagunça”. O objetivo é promover o diálogo entre o meio acadêmico e os setores público e privado para elaborar estratégias de ação coordenadas sobre fé e inovação, de acordo com a agenda da COP30; promover redes de cooperação interuniversitária sobre sustentabilidade e mudanças climáticas; promover compromissos das universidades ibero-americanas com a transição justa por meio de modelos de desenvolvimento integral sustentável capazes de enfrentar a crise ecológica socioambiental; articular recomendações estratégicas da comunidade acadêmica para a COP30; refletir sobre o impacto da encíclica Laudato Si no ensino superior, na pesquisa e nas políticas públicas.

Respostas urgentes e coordenadas

A realidade atual nos faz ver que “a vida está por um fio”, como alerta a campanha de conscientização lançada pelo CELAM em 9 de dezembro de 2024 na Santa Sé. Uma situação que nos leva a entender que a crise ecológica socioambiental exige respostas urgentes e coordenadas entre igrejas, governos, sociedade civil e academia. Algo que tem a ver com o impacto da Laudato Si no pensamento; com as universidades e a geração de conhecimento e a formação de líderes comprometidos com a sustentabilidade; com o fortalecimento das redes de pesquisa em relação às mudanças climáticas; com a busca de propostas e compromissos para a COP30.

As universidades são agentes privilegiados na atual “mudança de época”, que colocou em movimento processos de educação e aprendizagem ao longo da vida por meio de uma “ação coordenada internacional”, gerando esperança que se traduz em gestos concretos, como disse o Papa Francisco e assume a RUC. Um caminho de cuidado que leva ao enfrentamento da dívida pública, que está ligada à dívida ecológica, que tem a ver com o Ano do Jubileu. Busca-se uma nova arquitetura financeira; respeito à dignidade da vida humana; e um Fundo Global que elimine definitivamente a fome e avance na educação e no desenvolvimento sustentável.

Discernimento comunitário em vista da COP30

Quatro dias de reflexão com base nos quatro sonhos da Querida Amazônia, com um evento final. O encontro abordará uma nova arquitetura financeira; o diálogo como a melhor política para o respeito à dignidade humana; a biodiversidade e a tecnologia; e a construção de pontes para promover o desenvolvimento sustentável. A metodologia priorizará o diálogo em vista da participação comum na tomada de decisões, a partir de uma reflexão inicial de um especialista, buscando recapitular propostas concretas de ação. Tudo isso por meio de um “discernimento social comunitário” sobre o tema do dia, no qual os representantes das universidades elaborarão propostas para a COP 30, que serão apresentadas em diferentes espaços da Zona Azul em Belém.

Tudo isso no décimo aniversário da Laudato Si, a encíclica publicada em 24 de maio de 2014, que aborda o cuidado da Casa Comum como seu tema central. Ela analisa a crise ecológica a partir de uma perspectiva integral que combina ecologia, ética, economia, política e espiritualidade. Faz isso a partir de várias dimensões: ecológica, social e econômica, ética e teológica, e política. Ao fazer isso, analisa problemas de enorme relevância: poluição e mudança climática; perda de biodiversidade; crise hídrica; deterioração da qualidade de vida humana; fraqueza das respostas internacionais à crise. Todas essas são consequências do antropocentrismo excessivo e do paradigma tecnocrático, questionando o domínio absoluto dos seres humanos sobre a natureza e a obsessão pelo crescimento econômico ilimitado.

Seguindo em frente em um caminho de esperança

Em resposta a isso, propõe-se uma abordagem holística da crise, com base na conexão entre meio ambiente, economia, sociedade e cultura. São introduzidos os conceitos de ecologia ambiental, econômica, social e cultural. Assim como um novo modelo econômico sustentável; governança global e acordos internacionais para proteger o meio ambiente; participação dos cidadãos na luta ecológica; políticas que beneficiem os mais vulneráveis. Para avançar nesse caminho de esperança, propõe-se a conversão ecológica; uma economia a serviço da vida e não do lucro excessivo; responsabilidade compartilhada entre governos, empresas e cidadãos; e ação urgente antes que danos irreversíveis sejam causados.

Com a Laudato Si, Francisco queria que a Igreja Católica pudesse influenciar a ONU, a política e os movimentos ambientais. Junto com isso, a proposta de uma mudança de paradigma, que respeite a natureza e a justiça social. Um diálogo inter-religioso e científico em vista de diferentes abordagens da crise ecológica, combatendo o negacionismo ambiental com dados científicos, reflexão ética e moral diante da indiferença e propostas de ação urgente. Um documento fundamental para a conscientização ecológica global, promovendo uma ecologia integral que coloca o bem-estar do Planeta e da humanidade no centro.

 

 

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