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1º/02/2025 – Por que estais com medo? (Mc 4,35-41)

Por Antônio Carlos Santini

1º/02/2025 – Por que estais com medo? (Mc 4,35-41)

            O coração do homem pode ser alvo de feras terríveis, como o ódio, a inveja e o ciúme. Mas é o medo que paralisa seus passos, recolhe suas mãos e impede que ele assuma a missão que Deus lhe reservou.

            Neste Evangelho, um vendaval ameaça levar ao fundo a barca que vai sendo inundada pela água embravecida. Jesus dormia, como anotou o Evangelista? Ou talvez simulasse dormir no meio de toda a agitação, testando a reação dos discípulos? O fato que é, muito assustados, eles vão acordar o Mestre, vencidos pelo terror. Seu chamado é quase uma acusação: “Não te importa que pereçamos?”

            Neste início de milênio, a sociedade planetária também se vê ameaçada em sua sobrevivência: graves alterações climáticas, a crescente poluição, o buraco da camada de ozônio, tudo faz pensar em uma catástrofe sem proporções. Enfermidades novas (como a AIDS) e antigas (como a tuberculose) são virtuais pandemias. Os desequilíbrios sociais e econômicos alimentam a onda terrorista.

            Diante desse panorama assustador, duas reações predominam: o desespero pânico e o cinismo niilista. Em ambos os grupos, não se percebe nenhum sinal de esperança, de confiança em um Deus que é Pai e, por isso mesmo, saberá cuidar de seus filhos. É desta convicção que brota o dinamismo capaz de animar alguém a se comprometer com algum tipo de trabalho para recuperar o ambiente degradado, recompor as relações sociais, reduzir a desigualdade econômica, enfim, dedicar sua vida para a construção do Reino de Deus (e da cidade dos homens).

            Há muitas outras tempestades na vida humana. Traições da pessoa amada. Doenças inesperadas. Perda de entes queridos. O coração sitiado por paixões avassaladoras. A injustiça sistêmica. Seja qual for o mar agitado que nos cerca, é o mesmo Jesus quem nos vem perguntar: “Por que estais assim com medo? Não tendes fé?”

            No fundo, é como se o Senhor nos perguntasse: “Não percebeis que eu também estou na mesma barca? Não abandono a Igreja à sua humanidade? Não me ausento de vosso lar?” A impressão de que estamos sós, abandonados à nossa fragilidade, é ilusão ou tentação. Ou as duas coisas...

            Aliás, os não cristãos estão permanentemente de olho em nós. Querem ver nossas reações diante das dificuldades desta vida. Se nos deixamos dominar pelo medo, abanarão a cabeça e duvidarão de nossa fé. Se permanecermos em paz, é este exato testemunho que pode aproximá-los do Senhor Jesus!

 

Orai sem cessar:O Senhor reduziu a tempestade ao silêncio”. (Sl 107,29)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

 

 

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