Por Antônio Carlos Santini
26/03/2025 – Não vim abolir, mas cumprir! (Mt 5,17-19)
Afinal, o Antigo Testamento não vale mais? Jesus de Nazaré considera caduca a Lei do Sinai? Era isto que pensavam os escribas e fariseus, a ponto de ver no Rabi da Galileia um blasfemo e um herege.
Mas Jesus é o primeiro a garantir a validade da Primeira Aliança, ao afirmar solenemente sobre a Lei mosaica: “Nem uma só letra ou virgula será tirada da Lei sem que tudo aconteça” (Mt 5,18).
As palavras de Jesus deixam bem claro: “Não vim abolir, mas cumprir”. Este verbo “cumprir” – no texto grego plerôsai – teria uma tradução mais apropriada se disséssemos: “realizar”. Na verdade, é a própria pessoa de Jesus Cristo o “cumprimento” de todas as promessas da Primeira Aliança. Para Hébert Roux, “toda a boa nova do Reino consiste nesse cumprimento da Lei por ele, que não fica suprimida, mas cumprida, e permanece até o fim exigível de nós”.
Irmã Jeanne D’Arc, a brilhante exegeta dominicana que nos deu a edição bilingue (grego/francês) dos quatro evangelhos, confirma a tradução do verbo “cumprir”: “Jesus vem cumprir, isto é, ele realiza os anúncios e as preparações da Antiga Aliança. Mas ele também cumpriu a lei ao levar cada mandamento ao seu ponto mais perfeito. É isto que vai demonstrar toda a continuação do capítulo. Assim sendo, é preciso observá-los até o menor deles, no sentido deste cumprimento”.
A conclusão é que Lei antiga não precisava ser “aperfeiçoada”, pois, como diz o salmista, “a Lei do Senhor é perfeita” (Sl 19,8). Se Jesus viesse apenas para trocar os mandamentos antigos por novos, ele não falaria sobre os “iotas” e os “traços” que “jamais passarão”, afirmando a perenidade da Lei do Sinai.
A “novidade” não está em escrever novos mandamentos, mas em cumprir os antigos, que até então não conseguiram cumprir em plenitude. A justiça [= a santidade] de Deus – observa H. Roux – proclamada incansavelmente pelos profetas, realizou-se plenamente com a vinda de Jesus Cristo ao mundo.
Claro, Jesus não é mero continuador dos antigos profetas, não é apenas mais um dentre eles, mas a plena realização de todas as expectativas passadas. Doravante, o cumprimento da Lei passa a ser, de fato, a imitação de Jesus. Isso leva o apóstolo a propor: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5). É assim que se ultrapassa a justiça dos escribas e fariseus (Mt 5,29), como ensinou Jesus, e se vivencia a condição indispensável para entrar no Reino.
Orai sem cessar: “Jamais esquecerei teus preceitos, pois por eles me deste a vida.” (Sl 119,93)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Uma comunidade baseada na amizade cristã enriqueceria e transformaria a Igreja de Jesus hoje. A amizade promove o que nos une, não o que nos diferencia. Igualdade, reciprocidade e apoio mútuo são cultivados entre amigos.
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