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9/02/2025 – Afasta-te de mim! (Lc 5,1-11)

Por Antônio Carlos Santini

9/02/2025 – Afasta-te de mim! (Lc 5,1-11)

            Simão Pedro mal começou a conviver com o Jesus de Nazaré e já se percebe indigno da presença do Mestre. Ele, velho pescador, ao ver com os próprios olhos aquela pescaria inexplicável, sente-se esmagado pela distância entre ele e Jesus, a ponto de exclamar: “Afasta-te de mim!”

            Sempre foi assim: a presença do Divino assusta, sua proximidade pode ser ameaçadora. Na teofania que presenciou no templo (Is 6,1-6), o profeta Isaías estremece: “Ai de mim, estou perdido! Sou um homem de lábios impuros [...] e, no entanto, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!” Só depois de ter os lábios cauterizados pela brasa que lhe trouxe o serafim, Isaías se animou a assumir sua missão.

            Simão Pedro é pecador? Tem um passivo diante de Deus? É bom que ele perceba isto, e a necessidade de conversão. De fato, é a condição essencial para ser apóstolo. André Louf até comenta: “Enfim! Agora ele está pronto para que, da parte de Deus, aconteça a maravilha e ele possa, depois, anunciá-la a todos os seus irmãos”.

            Continua André Louf: “Este sentimento tem um nome no evangelho: chama-se arrependimento. Ele é o caminho obrigatório para quem quer que se aventure em direção ao Reino. Ao mesmo tempo um maravilhamento diante de Deus, confusão diante de nosso pecado plenamente revelado à luz de Deus, e, ainda uma vez, maravilhamento dobrado perante o amor que não cessa de afogar nosso pecado e que pode, enfim, nos levar a sério: ‘Não tenhas medo, dizia Jesus a Pedro, doravante serão homens que irás pescar’”.

            Certa espiritualidade centrada em desmedida “intimidade” com Deus pode fazer-nos esquecer nossa miséria, mascarar a grandeza e a infinita santidade do Senhor. Ele sabe disso muito bem – a distância entre o Criador e a criatura -; não é sem motivo que toda manifestação divina começa com uma palavra de calma e serenidade: “Não temas!” Isto porque, de fato, deveríamos temer!

            Foi com esta mesma frase inicial – “Não temas!” – que Deus se dirigiu a Abraão (Gn 15,1) e a Isaac (Gn 26,24), no Antigo Testamento, e o anjo às mulheres assustadas junto ao túmulo vazio (Mc 16,6). Nem mesmo Maria, a Toda-santa, foi dispensada deste convite à serenidade: “Não temas, Maria!” (Lc 1,30).

            Todos correm o risco de se “acostumarem” a Deus, acabando por se desviar do caminho. “Sair do arrependimento é afastar-se de Deus – diz A. Louf. Teólogo, eu me fecharia em minhas elucubrações estéreis; apóstolo, eu me arriscaria a petrificar-me em sucessos de superfície; espiritual, eu estaria exposto a todas as ilusões e, pensando aproximar-me de Deus, não cessaria de afastar-me dele...”

Orai sem cessar: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...” (Sl 111,10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

 

 

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