Discurso armamentista ganha voz nos grupos do WhatsApp

Por Paulo Motoryn

O artigo do Intercept Brasil revela que, em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, circula nas redes privadas e em grupos de WhatsApp um vídeo que convoca pessoas para a luta armada, com discurso inflamado contra “comunistas infiltrados” e instituições como o Judiciário, a Polícia Federal e até o Exército, vistos como corrompidos ou “vermelhos por dentro”. A gravação mostra uma pessoa mascarada com a máscara de Guy Fawkes, voz distorcida, convocando os destinatários a não depender de manifestações pacíficas ou postagens online, mas a “organizar-se”, “compartilhar a mensagem”, “despertar os adormecidos” para uma guerra “até a vitória”. Essa retórica já havia sido usada em manifestações violentas anteriores, como os ataques de 8 de janeiro, e o alerta de intensificação aparece como claro diante do contexto político tenso.

A investigação do jornal constatou que um print do vídeo foi enviado por alguém que participa de grupos locais em Araçatuba (interior paulista), grupo originalmente de compra e venda de utensílios domésticos, que começou a circular a gravação completa via WhatsApp. O autor do compartilhamento apareceu como compositor da região, ligado ao sertanejo, embora negue ter criado o vídeo, admitindo apenas que o compartilhou. Ele se desligou do contato quando questionado sobre a origem exata do material.

O momento político se mostra propício para que esse tipo de convocação inflamatória ganhe força: no dia do início do julgamento, houve incêndios de banheiros químicos próximos ao Museu da República, confrontos em frente ao Planalto, protestos com forças de segurança, e vozes públicas reforçando uma narrativa de que há ameaça global à extrema direita, como comparação com protestos no Nepal, amplificada por parlamentares bolsonaristas. O autor do artigo alerta: não são apenas mensagens em espaços privados, mas sinais preocupantes de mobilização violenta, que convidam atenção das instituições de segurança (PF, ABIN) para identificar autores e impedir que o discurso de ódio e o apelo à “guerra” se transforme em ação concreta.

Em suma, o texto denuncia que não se trata só de radicalismo virtual ou dramatização retórica: existe um esforço real de convocação, uma circulação de discursos incendiários em redes fechadas, e um ambiente crescente de tensão política que pode gerar violência de fato — a democracia, segundo o autor, precisa de vigilância, documentação e ação para impedir que essas ameaças se consolidem.

O artigo é de Paulo Motoryn

Sessão Cartas Marcadas

 

 

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