Por Luis Miguel Modino
A 10 anos da Laudato si´ a Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) está reunida na Pontifícia Universidade Católica de Rio de Janeiro (PUC-Rio) de 20 a 24 de maio de 2025, para, em preparação para a COP 30, refletir sobre “Dívida Ecológica e Esperança Pública”. O ponto de partida tem sido os quatro sonhos da Querida Amazônia, sendo o sonho ecológico, abordado na perspectiva da economia, o tema de debate da quarta jornada de trabalho.
Métodos criativos para proteger a natureza
No I Encontro da RUC, realizado no Vaticano em 2023, Francisco advertia sobre os pequenos grupos que fazem mal uso da herança comum, escravizando as pessoas, povos inteiros que ficam pelo caminho como se eles fossem lixo. Algo que é consequência do uso dos recursos naturais apenas por pequenos grupos por meio de teorias socioeconómicas que não integram a natureza, que precisa de métodos muito criativos para protegê-la.
Abordando o tema da Dívida Pública e Ecologia, foram apresentadas algumas experiencias, como o realizado em Nova Iorque, no Bronx, de acompanhamento a comunidades que sofrem economicamente e ecologicamente. No caso do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), isso se concretiza em um trabalho em rede, segundo seu secretário geral, dom Lizardo Estrada, um caminho de comunhão entre a Igreja do continente e o Papa. O bispo peruano destacou a importância do cuidado da Casa Comum, um convite constante no Papa Francisco. Nessa perspectiva se faz necessário refletir sobre a justiça social, segundo o padre Roman Pardo, da Pontifícia Universidade de Salamanca, que tem a ver com a dívida social, histórica e ecológica, consequência de desvantagens que fazem parte dos países pobres.
Importância da Laudato si
Refletindo sobre “A caminho de uma Possível Remissão da Dívida”, o cardeal Leonardo Steiner destacou a importância da Laudato si´, que abordou a partir de quatro provocações: Hermenêutica da totalidade; pensar calculante e poético; o movimento da palavra economia; e Eco-nomia como esperança. Se faz necessário novas hermenêuticas, assumir que “a conversão ecológica afina a relação entre a natureza e a sociedade”.
Somos desafiados a entender, seguindo as cosmovisões indígenas, que a casa é “onde se vive”, mas também ficar atentos diante da tecnologia, muitas vezes submissa ao lucro, que “permite viver melhor, comunicar e ter muitas vantagens, mas alerta para o risco de ela se tornar reguladora, se não dominadora, da vida, se torne um modo de pensar que domine as relações humanas”. Não podemos ignorar que “os recursos da terra estão a ser depredados também por causa de formas imediatistas de entender a economia”. Algo que tem a ver com a maximização do lucro, com uma economia que mata. Por isso, “a Laudato si´é um convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura”, enfatizou o cardeal.
No caminho de Rio a Belém se faz necessário falar de dívida e como impacta a países em desenvolvimento. Ninguém pode ignorar que a crise climática foi criada por países ricos e será mais sentida por países pobres, o que tem que levar a refletir sobre o conceito de justiça, dada a falta de esperança presente em países muito endividados. Reflexões presentes no trabalho em grupos que querem levar sinais de esperança à COP 30, com propostas concretas que devem ser trabalhadas e sistematizadas em vista de influir nesse importante espaço de decisão.
Necessidade de cuidar da Casa Comum
O desafio é levar a mensagem a todos os níveis, que mostre que a necessidade de cuidar da Casa Comum. Para isso se faz necessário estar unidos, também nas ações, na mudança de pensamento, ser muitos e mais fortes, com mensagens claros para mudar aquilo que Papa Francisco pediu à RUC. Tudo isso sob valores comuns, éticos, de direitos, que levem a recuperar a esperança e a construir maiorias que possam construir um mundo melhor.
Deve ser delineado um marco jurídico a propor à COP, mas também gerar nos estudantes universitários o desejo de lutar pelos direitos da Casa Comum. A hora é de tomar decisões, a hora é de implementar, e essa deve ser uma exigência na COP 30. Não podemos ignorar que a universidade ocupa um lugar preferente na sociedade. Um sentimento que gera esperança de cara à COP 30, mas também na toma de consciência das universidades.
A política é uma concretização do sonho social, do qual Francisco falou em Querida Amazônia. Este foi o tema de reflexão do II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC), que acontecerá de 20 a 24 de maio de 2025
26 maio 2025Provocações que são “um chamamento inicial para sinodalmente deixar ecoar o meio ambiente numa economia servidora, não exploradora”, com uma mudança cultural, que nos leve a descobrir que “somos todos devedores, mas também todos necessários uns aos outros”.
26 maio 2025“A caminho de uma Possível Remissão da Dívida”, o cardeal Leonardo Steiner destacou a importância da Laudato si´, que abordou a partir de quatro provocações: Hermenêutica da totalidade; pensar calculante e poético; o movimento da palavra economia;
26 maio 2025Aos pés do Cristo Redentor, cartão-postal do Rio de Janeiro, onde se reuniram de 20 a 24 de maio de 2025, na Pontifícia Universidade Católica, integrantes da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) lançaram um chamado global por justiça climática.
26 maio 2025