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MOBON: um fermento evangelizador

Por Denilson Mariano

Por ocasião dos 46 anos da casa do MOBON

O trabalho de evangelização do MOBON – Movimento da Boa Nova – antecede em muito a criação da Casa do MOBON, em Dom Cavati-MG e, ao mesmo tempo, extrapola o alcance da visibilidade que esta casa lhe confere. Ao celebrar os 46 anos da Casa do MOBON, temos uma boa oportunidade para resgatar a sua importância e procurar divulgar um pouco de sua contribuição para a caminhada de evangelização em Minas Gerais e em outros Estados do Brasil.

A construção deste centro de evangelização aconteceu durante o ano de 1978, com doações vindas das várias paróquias da região e mediante o trabalho de mutirão da parte do povo das comunidades. Foi um ano de intenso trabalho e logo veio a sua inauguração no dia 11 de março de 1979. Ano em aconteceu também a importante Conferência dos bispos latino-americanos em Puebla, no México. A Casa foi construída com o objetivo de formar animadores de comunidades. Um espaço que favorecesse o encontro do povo com a Palavra de Deus, em um ambiente acolhedor e fraterno. Nesses 46 anos, a Casa do MOBON prestou relevantes serviços à Diocese de Caratinga-MG e região. Promoveu encontros de formação bíblico-catequética e pastoral, sempre sintonizada com a caminhada da Igreja, na busca de promover a conscientização dos leigos e leigas para um maior engajamento na vida eclesial e social.

Fazendo memória caminhada

O começo do trabalho aconteceu a partir de uma iniciativa do Pe. Geraldo Silva, Missionário Sacramentino de Nossa Senhora, em Alto Jequitibá-MG, alguns anos antes do Concílio Vaticano II. Diante da carência do povo no conhecimento da doutrina e da Palavra de Deus, ele intuiu a necessidade de formação bíblica e iniciou as “escolas bíblicas”, sobretudo para responder às polêmicas protestantes. Este trabalho bíblico com grupos de leigos clareava as questões de fé, doutrina cristã e amor à Igreja. O grupo começado por ele ganhou o nome de “Pioneiros do Evangelho” e fazia parte de uma organização que recebeu o nome de MAPE “Movimento de Apostolado dos Pioneiros do Evangelho”.

Com o Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII, abriram-se novos horizontes para a vida e a caminhada da Igreja, agora com uma postura mais aberta aos leigos e com propostas mais ecumênicas. Alípio Jacintho da Costa, na época ainda um jovem religioso sacramentino, depois de um curso no Chile, em meados de 1966, dá uma nova configuração ao trabalho de evangelização. Assim ele destaca: “Os encontros e reflexões acontecidos no pós Concílio nos levaram a ampliar a visão e passamos a seguir o caminho da renovação da vida pessoal e da formação para a vida em comunidade. O trabalho bíblico foi descolando-se da linha apologética e assumindo a linha do compromisso com a vida familiar, a organização de comunidades e o fortalecimento do culto dominical e da catequese.”

Alípio relata que o trabalho de conclusão do seu curso no Chile passou a se constituir o esquema dos cursos de formação para as lideranças leigas nas comunidades. Tratava-se de apresentar Jesus como a grande Boa Nova do Reino de Deus. Basicamente, dois cursos mais centrais: o “Pré Boa Nova” que era um despertar para o engajamento na vida de comunidade, e o “Boa Nova” que tinha o objetivo de fazer a pessoa assumir um ofício de liderança na comunidade e até ajudar na aplicação de outros cursos. Os dirigentes que aplicavam os cursos começaram a ser chamados de “Turma da Boa Nova” e, posteriormente, veio a ser o motivo da mudança do nome para “Movimento da Boa Nova.

Feita pelas mãos do povo das comunidades

Alípio destaca ainda que, com o entusiasmo gerado pelo estudo bíblico, começaram a surgir os grupos de reflexão. Inicialmente era a indicação de um texto bíblico para cada semana acompanhado de uma pergunta motivadora. A resposta desta pergunta era partilhada entre os grupos, no final do mês, o que veio a configurar-se como “plenário”. Um espaço de troca de ideias e elemento importante para socialização e clareamento das ideias. Aos poucos se vai evoluindo até chegar à publicação dos “roteiros de grupo de reflexão” assumidos posteriormente pela Diocese de Caratinga. Esses grupos foram se aperfeiçoando e tomando corpo em nossa Diocese e em muitas outras aonde o trabalho da Boa Nova ia atingindo.

A casa foi construída pelo povo simples. Foi edificada com recursos vindos de doações das comunidades, foi edificada por eles e para eles, em função de favorecer a formação dos pobres para o discipulado missionário. É preciso que ela continue sendo deles, acessível, acolhedora, um lugar onde o pequeno se descubra em sua dignidade, como gente, como filho de Deus e com uma grande missão a realizar na Igreja e na sociedade. É diante disso que João Resende afirma que esses 46 anos da Casa do MOBON são, na verdade, um “tributo ao leigo”. 

Um fermento de evangelização

A função do fermento não é aparecer, mas fazer a massa crescer. Na verdade, ele aparece quando não se mistura de verdade na massa, assim deixa gosto ruim. Quando bem misturado, desaparece deixando apenas seu efeito: a massa toda crescida. O trabalho do Movimento da Boa Nova [MOBON] tem a missão de fermentar a Igreja com a Palavra de Deus. Através de cursos e encontros o MOBON visa a ajudar na formação dos leigos para uma maior vivência da fé e uma maior consciência de sua missão na Igreja e na sociedade.

Acordar a memória dos acontecimentos, voltar aos testemunhos históricos é como olhar no retrovisor. O objetivo, não é prender-se ao passado, mas olhar o caminho percorrido para que se possa avançar com maior segurança. Trata-se de analisar as forças e as opções feitas que permitiram fazer esse caminho e, a partir das descobertas, ver as possibilidades que se abrem à frente diante dos novos desafios e novas configurações da sociedade e do tempo de hoje.

Acreditamos que o MOBON por trabalhar a partir da Bíblia em uma perspectiva libertadora, apostando na força missionária e transformadora das lideranças cristãs, caminhando em sintonia com a Igreja e enraizando as pessoas na Igreja local, revela sua força eclesial que pode crescer com a “primavera” representada pelo Pontificado do Papa Francisco. Oxalá nossas Igrejas locais consigam dar passos para superar a autorreferencialidade e o excessivo clericalismo (cf. EG, 93; 95; 102) e permitir maior abertura à participação efetiva dos leigos e leigas como sujeitos na Igreja e na sociedade.

 

 

 

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