“O Senhor é meu pastor.” (Sl 23,1)
Nas civilizações antigas, os reis recebiam o título de pastor. Entre os hieróglifos dos egípcios, o cajado do pastor é um símbolo do Faraó. Os patriarcas do Antigo Testamento eram pastores. Além de escolher dirigentes para pastorear o povo escolhido (cf. 2Sm 7,8), o próprio Senhor Yahweh se apresenta como pastor: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Como um pastor cuida de seu rebanho, quando está no meio de suas ovelhas dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as recolherei em todos os lugares...” (Ez 34,11-12).
No AT, são numerosas as passagens onde Deus aparece como pastor, imagem que traduz proteção e cuidado, mas que apela necessariamente para a obediência e a confiança: “Sim, ele é nosso Deus e nós somos o povo do seu pasto, o rebanho de sua mão. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz!” (Sl 95,7)
Curiosamente, do tempo de Jesus chegaram até nós quatro listas de profissões palestinas consideradas “impuras” pelos doutores da lei, e em duas elas aparece o trabalho do pastor, ao lado do curtidor de couros, do coletor de impostos e do catador de estrume. Passando longos períodos nos campos (os pastores de Belém estavam de vigília junto ao rebanho em plena noite de Natal! – cf. Lc 2,8), não podiam participar da sinagoga aos sábados, daí serem malvistos e terem o cheiro das ovelhas, além de receberem a fama de ladrões de animais.
Apesar disso, Jesus de Nazaré não hesita em assumir este tipo: “Eu sou o bom Pastor; conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem. Eu dou a vida por minhas ovelhas”. (Jo 10,14-15) A metáfora do pastor se explica por sua presença junto ao rebanho, pelo cuidado permanente de um animal dependente como as ovelhas, em contraste com a autonomia dos cabritos.
Em uma das três parábolas sobre a misericórdia (cf. Lc 15), Jesus fala de um Deus que busca por nós como o pastor procura pela ovelha extraviada, alegrando-se ao encontrá-la e convidando amigos e vizinhos a participarem de sua alegria.
L. Bouyer comenta que a imagem do bom pastor foi aquela que os primeiros cristãos mais amaram. As primitivas pinturas nas catacumbas mostram Cristo como um pastor que traz nos ombros uma ovelha. São Clemente de Alexandria anotou as palavras de um hino cristão: “Ó Pastor dos cordeiros reais, teus simples filhos, reúne-os para louvarem santamente, para cantarem sinceramente, ó Cristo, guia dos filhos... Sê o guia, ó Pastor, das ovelhas racionais!”
Alguns textos bíblicos: Gn 48,15-16; Sl 77,21; Is 63,11; Mt 18,10-14; Jo 21,15-17; 1Pd 5,2-4.
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