Por Francisco de Aquino Júnior
De 29 de maio a 01 de junho aconteceu em Belo Horizonte um encontro nacional de novas gerações de teologias da libertação. Não era um congresso, simpósio ou seminário sobre teologia da libertação. Era um encontro de cristãs e cristãos que vivem e pensam a fé em espaços e processos socioeclesiais de libertação. Mais que um estudo sobre teologia da libertação, era um encontro para pensar como animar, promover e difundir uma teologia libertadora em nosso tempo.
O encontro reuniu pessoas de todas as regiões do Brasil, de diferentes igrejas cristãs e da coordenação da Ameríndia – rede de teologia latino-americana; pessoas vinculadas a comunidades eclesiais, pastorais sociais, movimentos e organizações populares; pessoas que fazem teologia no mundo acadêmico, no mundo digital, em centros e coletivos de formação; pessoas ligadas a teologias feminista, negra, LGBT, eco-social, a comunidades de base e espaços de formação eclesial; pessoas que atuam mais diretamente em espaços eclesiais e pessoas que atuam em espaços mais amplos: ecumênicos, inter-religiosos e sociais. Uma variedade enorme de lugares e formas de produção teológica que brotam da fé num Deus libertador que nos compromete com os mais diversos processos históricos de libertação. Nessa variedade há diferenças, tensões e mesmo divergências, mas há uma profunda sintonia e comunhão na busca de fidelidade ao Evangelho de Jesus que nos leva a viver como irmãos e irmãs – fratelli tutti – e nos compromete no cuidado de nossa casa comum.
Começamos o encontro retomando aspectos fundamentais da tradição teológica libertadora latino-americana: aquilo que não se pode perder e que é preciso conservar em fidelidade criativa em nosso tempo. Seguimos abordando desafios atuais para uma teologia libertadora: desafios sociais, políticos, econômicos, culturais, digitais e eclesiais. E dedicamos um tempo maior à reflexão sobre perspectivas atuais para uma teologia libertadora, particularmente no que se refere à produção teológica. A reflexão foi uma construção coletiva, desenvolvida em oficinas e plenárias. Seu objetivo era apontar perspectivas e caminhos para uma produção teológica libertadora hoje.
Todo o encontro foi marcado por um clima de fraternidade e amizade, de reflexão e oração. Favoreceu encontro e intercâmbio entre pessoas e teologias. Criou e estreitou vínculos entre pessoas e processos. Ajudou a reconhecer novas gerações de teólogos e teólogas da libertação e a variedade de teologias libertadoras que estão sendo produzidas no Brasil. Foi mesmo um encontro muito rico e fecundo.
Concluímos o encontro com a celebração ecumênica de abertura da semana de oração pela unidade dos cristãos e com a decisão de criar uma rede de teologias da libertação com foco nas novas gerações. Essa rede não tem a pretensão de articular nem muito menos coordenar as muitas teologias da libertação, mas favorecer a conexão, o intercâmbio e o mútuo enriquecimento entre elas e, com isso, contribuir para explicitar, desenvolver e tornar eficaz nas Igrejas e na sociedade o caráter libertador de nossa fé. A grande boa notícia desse encontro é a constatação de uma grande variedade de teologias feitas em processos socioeclesiais de libertação, o compromisso de seguir fazendo teologias libertadoras e a construção de uma rede que favoreça e promova a conexão e a interação entre elas e sua difusão e eficácia na sociedade.
Sigamos fazendo teologia da libertação nos passos de Jesus, na força do Espírito, em companhia dos profetas e mártires da caminhada – sempre na fidelidade ao Deus dos pobres e os pobres da terra...
A sinodalidade torna-se profecia em três direções principais: primeiro, como profecia de fraternidade e unidade, numa cultura que isola e fragmenta ; Em segundo lugar, como profecia do diálogo e do bem comum, em contraste com modelos autoritários de poder; e terceiro, como uma profecia de justiça social e cuidado com a nossa casa comum, onde a Igreja “escuta os gritos dos pobres e da terra” e age de acordo.
30 junho 2025A sinodalização é um processo de renovação que implica “colocar no centro a participação, a corresponsabilidade e a escuta comunitária”. Por sua vez, a desparoquialização exige a superação de uma visão fechada e autorreferencial da paróquia, para abrir-se a uma pastoral mais territorial, missionária e em saída, capaz de responder aos desafios e às periferias de hoje.
30 junho 2025"Sigamos fazendo teologia da libertação nos passos de Jesus, na força do Espírito, em companhia dos profetas e mártires da caminhada – sempre na fidelidade ao Deus dos pobres e os pobres da terra..."
30 junho 2025O encontro, aberto pelo Secretário-Geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech (cf. Discurso de Abertura ), incluiu também um momento de diálogo na tarde de quinta-feira, 26 de junho de 2025, com o Papa Leão XIV , Presidente da Secretaria-Geral, durante o qual os participantes puderam discutir com o Pontífice algumas questões relativas ao caminho sinodal.
30 junho 2025