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Ter no coração o cuidado com as pessoas

Por Luis Miguel Modino

Formação para prevenção de abusos no Regional Norte1 da CNBB: 

Cuidar da vida é um dos elementos fundamentais da missão da Igreja, uma dinâmica capital quando se fala de abusos, uma realidade que tem que ser enfrentada sem evasivas. Nesse enfrentamento, uma exigência do Papa Francisco, como expressa o Motu Próprio “Vox Estis Lux Mundi”, que determinou as regras que estabelecem novos mecanismos para a proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis, é fundamental uma formação que permita conhecer em detalhes os passos a serem dados para enfrentar e denunciar essas situações.

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1) elaborou um “Manual para a Proteção de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis da Metropolia de Manaus”, com a participação dos bispos e da Comissão Metropolitana, que agora está sendo dado a conhecer em diversos encontros de formação on-line e presenciais, realizados nas igrejas locais.

Encontros que pretendem ajudar o clero, a Vida Religiosa, as comunidades de vida, os funcionários e colaboradores, aqueles que assumem um trabalho voluntário ou as diversas pastorais, a entender e assumir que os ambientes eclesiais têm que “oferecer relações sadias”, segundo explicita o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Zenildo Lima. Ele define os encontros formativos como momento para que “nós sintamos que nós fazemos parte de um ambiente de cuidado”, algo que, segundo o bispo, tem a ver com a ecologia integral, tema da Campanha da Fraternidade em 2025, dado que “homem e mulher também fazem parte da Criação, e quando eu cuido de homem, de mulher, quando eu cuido de crianças, adolescentes e adultos mais fragilizados, eu estou cuidando de um dom, de uma vida, de uma Criação do nosso Deus.”

A formação é ocasião para aprofundar num texto elaborado a partir de muitas mãos, que inclusive pode ser enriquecido e transformado, a partir da realidade das igrejas do Regional Norte 1. Mas o grande desafio, sublinha o bispo auxiliar de Manaus, é fazer com que o texto um dia possa “estar no coração da gente”, que faça com que não precise recorrer constantemente ao texto do protocolo, “porque teremos no coração da gente, o cuidado com as pessoas.”

O Manual é mais um instrumento que ajuda a consolidar o trabalho feito no Regional Norte 1 ao longo de muitos anos por diversas instituições e organismos, dentre eles a Rede um Grito pela Vida, que nos próximos dias completa 18 anos de presença na arquidiocese de Manaus, tendo espalhado seu trabalho aos poucos pelas outras igrejas locais do Regional Norte 1, segundo lembrava a secretária executiva do Regional Norte1, Ir. Rose Bertoldo, que também é membro dessa rede que trabalha a prevenção ao abuso e exploração sexual e o tráfico de pessoas, tendo abordado muitas vezes essa temática em momentos formativos.

A religiosa destaca a importância de trabalhar agora dentro dos espaços eclesiais essa questão, segundo pede o Papa Francisco em “Vox Estis Lux Mundi”, algo que tem marcado a construção do documento que está sendo apresentado nas diversas formações, em vista de um trabalho de prevenção com as lideranças das igrejas locais. Um processo de formação que “vai ser contínuo, permanente”, destaca a secretária executiva do Regional Norte 1, que insistiu na necessidade daqueles que participam dos encontros formativos trabalhar essa temática nas comunidades. De fato, as igrejas locais e as conferências episcopais deverão enviar um relatório anual à Cúria Vaticana sobre aquilo que está sendo feito no âmbito da prevenção dos abusos.

O objetivo é claro: “tornar os nossos espaços eclesiais, espaços seguros, sem violência”, afirma a religiosa. Segundo ela “a grande missão é esse cuidado que a gente tem com a vida em todos os nossos espaços.” É por isso que o Manual elaborado, “não é só um documento que fez e vai ficar lá na prateleira, é uma implementação de como a gente está trabalhando para a gente zerar essa questão dos abusos nos espaços eclesiais”, algo que fere a dignidade, além de ferir o corpo.

Uma questão continuamente recordada pelo Papa Francisco, que afirma que “crimes de abuso sexual ofendem Nosso Senhor, causam danos físicos, psicológicos e espirituais as vítimas e prejudicam a comunidade dos fiéis que e, para que esses casos em todas as suas formas não ocorram mais, é necessária uma conversão continua e profunda dos corações, acompanhadas de ações concretas e eficazes que envolvam todos na Igreja.” É por isso, que todos aqueles que fazem parte da Igreja devem lembrar que com a nossa ingenuidade nos tornamos cúmplices. Daí a importância da formação que está sendo realizada, algo urgente, inadiável e que deve se tornar uma constante no futuro.

 

 

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