Por A redação
Sessenta anos após sua abertura, o Concílio Vaticano II permanece como um dos acontecimentos mais decisivos da história recente da Igreja. Longe de ser apenas uma memória do passado, ele continua a interpelar a fé, a teologia e a prática pastoral, convidando a Igreja a permanecer em permanente estado de escuta, conversão e missão. Essa foi a tônica da reflexão proposta na live “60 anos do Concílio Vaticano II – memória e prospectivas”, promovida pela Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte, que reuniu teólogos para reler o Concílio à luz dos desafios do tempo presente.
Live: 60 anos do Concílio Vaticano II — memória e prospectivas
Palestrantes: Agenor Brighenti e Sinivaldo Tavares
Mediação: Rosana Viveiros
Evento promovido pela Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte (FAJE) no YouTube no dia 09 de dezembro 2025.
Abaixo notas que permitem uma síntese dos assuntos tratados.
O Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, nasceu do desejo de atualização (aggiornamento) expresso por São João XXIII: abrir as janelas da Igreja para que entrasse o ar novo do Espírito. Mais do que definir novos dogmas, o Concílio quis renovar a forma como a Igreja se compreende e se relaciona com o mundo. Por isso, foi essencialmente pastoral, atento às alegrias e esperanças, às dores e angústias da humanidade, como expressa a constituição Gaudium et Spes.
Revisitando o Concílio
Ao revisitar a memória conciliar, destacou-se a centralidade de uma eclesiologia marcada pela noção de Igreja como Povo de Deus, apresentada de modo emblemático na Lumen Gentium. Essa visão desloca o foco de uma compreensão excessivamente hierárquica para uma Igreja de comunhão, na qual todos os batizados — bispos, presbíteros, religiosos, leigos e leigas — participam da mesma dignidade e corresponsabilidade na missão. Trata-se de uma mudança profunda de mentalidade, cujos frutos ainda estão em processo de amadurecimento.
A reflexão também evidenciou que a recepção do Concílio não foi nem linear nem isenta de tensões. Ao longo das décadas, surgiram leituras diversas, ora mais abertas, ora mais defensivas, revelando que o Vaticano II não é um texto encerrado, mas um acontecimento vivo, que continua a pedir interpretação fiel e criativa. Nesse sentido, recordar o Concílio é também reconhecer que sua plena recepção ainda está em curso, especialmente no campo pastoral.
Prospectivas do Concílio
Quando se olha para as prospectivas, torna-se claro que muitos dos grandes temas conciliares permanecem atuais. O diálogo com o mundo contemporâneo, a valorização dos leigos, a opção por uma Igreja mais simples e servidora, o compromisso com a justiça e a paz e a abertura ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso são desafios que atravessam o presente. A ênfase na sinodalidade, tão presente no atual magistério do Papa Francisco, aparece como um desdobramento coerente do espírito do Vaticano II: caminhar juntos, escutando o Espírito que fala através de todo o povo de Deus.
Assim, celebrar os 60 anos do Concílio Vaticano II não significa apenas fazer memória de um evento histórico, mas renovar o compromisso com sua inspiração mais profunda. Em tempos de rápidas transformações culturais e sociais, o Concílio continua a ser um farol para a Igreja, lembrando que fidelidade ao Evangelho e abertura aos sinais dos tempos não se opõem, mas se exigem mutuamente. Para a Igreja no Brasil e para iniciativas como a revista O Lutador, revisitar o Vaticano II é reafirmar a urgência de uma fé encarnada, comprometida com a vida e com a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.
Veja o vídeo abaixo ou direto no Youtube.
Video apresenta uma leitura atualizada do Concílio Vaticano II recorda sua força renovadora e aponta desafios pastorais ainda urgentes para a Igreja no século XXI.
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