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Da periferia ao centro: o apelo do Papa Leão XIV aos Movimentos Populares pela justiça e amor

Por A redação

Em discurso proferido no dia 23 de outubro de 2025, na Aula Paolo VI, o Papa Leão XIV dirigiu-se aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares com palavras cheias de esperança e compromisso social. Recordando a encíclica Rerum novarum de Leão XIII, que no século XIX inaugurou a atenção da Igreja às questões trabalhistas e sociais, o Papa Leão XIV destacou que também hoje a Igreja é chamada a olhar as “coisas novas” não apenas como avanços tecnológicos ou econômicos, mas como realidades emergentes das periferias humanas, onde a vida sofre e clama por dignidade.

Assim iniciou:

"Queridos irmãos e irmãs!

Esta é a primeira vez que tenho a alegria de vos encontrar, dando continuidade ao caminho iniciado pelo Papa Francisco, que, nos últimos anos, dialogou frequentemente com a vossa realidade, destacando a sua importância profética no contexto de um mundo marcado por problemáticas de vários tipos. 

Uma das razões pelas quais escolhi o nome “Leão XIV” é a Encíclica Rerum novarum, escrita por Leão XIII durante a Revolução Industrial. O título Rerum novarum significa “coisas novas”. Existem certamente “coisas novas” no mundo, mas quando dizemos isto, normalmente adotamos uma “visão centralizada” e referimo-nos a coisas como a inteligência artificial ou a robótica..."

O pontífice reafirmou o valor sagrado dos direitos à terra, à casa e ao trabalho, tão frequentemente negados a milhões de pessoas. Esses gritos, disse ele, não são protestos vazios, mas expressões legítimas de esperança e de amor pela vida. “Ci sto!” — “sou com vocês” — foi a frase com que o Papa sintetizou sua proximidade aos pobres e trabalhadores. A sua mensagem ecoa a convicção de que a verdadeira novidade social nasce da escuta das margens e da solidariedade concreta com quem sofre exclusão.

Leão XIV destacou que os Movimentos Populares não se limitam a reivindicações: são espaços de criação e serviço, onde brotam cooperativas, projetos de habitação, agricultura solidária, trabalho digno e cuidado ambiental. Chamou seus integrantes de “poetas sociais”, por transformarem dor em esperança e indignação em gestos de amor. É essa “poesia social”, feita de ação comunitária e compromisso ético, que, segundo ele, encarna o Evangelho de modo concreto e transformador.

O Papa alertou ainda para as contradições do mundo globalizado. Embora a humanidade viva um tempo de avanços tecnológicos e comunicação instantânea, persistem desigualdades gritantes. Muitos têm acesso à internet, mas seguem sem terra, sem casa e sem trabalho. As novas formas de exclusão, intensificadas pela exploração ambiental e econômica, afetam sobretudo os mais pobres. Citando situações de seca, inundações, migração forçada e trabalho infantil, o Papa denunciou o custo humano e ecológico de um progresso sem ética e sem compaixão.

Ao falar da Igreja, Leão XIV fez um chamado forte e direto: é preciso estar “com” os movimentos populares, e não apenas “ao lado” deles. A Igreja, disse, deve ser pobre e para os pobres, corajosa e profética, capaz de caminhar com os excluídos e de se deixar evangelizar por eles. Reconheceu também que, em muitos lugares, sindicatos e sistemas de proteção social perderam força, deixando um vazio institucional que os Movimentos Populares têm preenchido com criatividade e solidariedade. Neles, a justiça toma forma concreta e a esperança ganha rosto.

O discurso conclui com uma invocação a Maria e uma bênção aos participantes, convidando todos à perseverança, à criatividade e à profecia evangélica. O Papa agradeceu com entusiasmo e encorajou os movimentos a continuarem firmes, sem perder a alegria nem a esperança que brotam da fé.

A mensagem de Leão XIV é um convite a recolocar as periferias no centro da atenção da Igreja e da sociedade. As “coisas novas” de hoje — sejam elas tecnológicas ou sociais — só terão sentido se ajudarem a restaurar a dignidade dos pobres e a promover a justiça integral. Terra, casa e trabalho continuam sendo, para ele, o alicerce da paz e o caminho mais concreto para construir um mundo mais humano e fraterno.



Fonte: Vatican.va

 

 

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