Por Da redação
No vídeo “Neofascismo e afetos políticos. O grotesco como representante ‘democrático’”, veiculado pelo Instituto Humanitas Unisinos (IHU), o professor Domênico Hur (UFG) propõe uma investigação crítica sobre a interseção entre estética, emoção e poder nas formas contemporâneas de autoritarismo.
A palestra parte da ideia de que o grotesco — entendido aqui como aquilo que choca, exagera, distorce — tem se tornado um modo de linguagem política que reforça o neofascismo. Em vez de discursos cuidadosos ou discursos racionais tradicionais, o grotesco atua sobre afetos: ele impacta visualmente, mobiliza emoções — repulsa, riso, choque — e cria vínculos simbólicos com identidades políticas.
Domênico Hur examina como essa estética grotesca opera como um “representante democrático”. Ou seja: apresenta-se sob o disfarce de espontaneidade, de quebra de formalismos, de linguagem “à vontade” — mas ao fazê-lo banaliza ou normaliza elementos autoritários. A estratégia é subversiva porque não exige o uso explícito da violência institucional: o grotesco ocupa o espaço simbólico e imagético, gerando desgaste da sensibilidade democrática.
No vídeo, são destacados alguns mecanismos e tensões:
Produção visual e simbólica: memes, caricaturas extremadas, gestos exagerados e representações que desafiam o decoro se tornam ferramentas de mobilização política.
Ambiguidade e dissimulação: o grotesco muitas vezes mantém ambivalências — está entre o absurdo e a provocação — o que dificulta a crítica imediata e legitima uma fachada de “brincadeira”.
Afeto coletivo e identitário: o grotesco cria laços afetivos entre quem o reproduz e sua audiência, favorecendo identidades simbólicas de grupo (nacionalistas, tribunais morais, “defensores da ordem”).
Ameaça à democracia simbólica: ao normalizar corpos exagerados, discursos de ódio “mascarados” e estéticas radicais, o grotesco pode corroer gradualmente o sentido de civilidade e respeito mútuo que sustenta a vida democrática.
O vídeo faz uma reflexão final sobre o que fazer diante dessa estética política: não basta responder apenas com razão ou argumento — é necessário também disputar imagens, sentidos e afetos. A resistência democrática, segundo Hur, exige uma sensibilidade estética renovada, capaz de recuperar símbolos libertários e formas simbólicas de convivência que neutralizem o apelo do grotesco autoritário.
Confira o vídeo em IHU
Quando o grotesco vira linguagem política: este vídeo do IHU revela como imagens violentas, bizarras ou caricaturais conquistam corações e mentes — e ajudam a normalizar o autoritarismo sob aparência democrática.
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