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03/04/2024 Edição 3969 A mensagem da Exortação Apostólica Christus Vivit, dirigida a todos os jovens, 5 anos depois

Datada e assinada a 25 de março de 2019, Solenidade da Anunciação do Senhor, a Exortação acolhe as reflexões, diálogos e o desejo do papa em provocar nossas comunidades de fé e toda pessoa de bem a abrir-se aos anseios e pedidos de nossos jovens. Na ocasião, papa Francisco dirige-se a nós, mais uma vez com uma mensagem que faz ecoar novamente a oração que abre a referida Exortação: “Cristo vive e quer-vos vivos!”. Cinco anos depois, é oportuno trazer à tona um desejo que parte do coração sincero de Francisco e ressoa em tantos outros corações de homens e mulheres que sonham por uma igreja mais jovem e feita por jovens, afim de testemunhar a esperança da Ressurreição a todos.

A Ressurreição é o alicerce da esperança de toda a humanidade

Na mensagem, o pontífice não se intimida em desnudar a realidade sofrida, dolorosa, marcada pelos conflitos, guerras e por um ambiente de sofrimentos e dor. É fato que vivemos num contexto que, segundo o papa, “muitos de nós sentimo-nos desanimados”. Deparamo-nos com tantas ações que não contribuem com o nosso crescimento e desenvolvimento humano e espiritual é desanimador, opressor até, pois percebe-se que as pessoas são inseridas numa máquina esmagadora que encara a humanidade como objetos e peças que compõem uma estrutura “não-humana” que tem um único objetivo: produzir. Se seguirmos com esta narrativa, deparamo-nos com uma sociedade do descarte, uma sociedade não leva em conta a humanidade e tudo o que a alicerça. Passamos a enxergar o outro como número e não como pessoa. E, se o outro é um número, ele precisa multiplicar, ser útil, render lucros, caso contrário, é facilmente deixado de lado, descartado e substituído por outro mais jovem e mais forte.

No terceiro capítulo da Exortação Pós-Sinodal, afirma-se que “vemos como certa publicidade ensina as pessoas a estarem insatisfeitas, contribuindo para a cultura do descarte, onde os próprios jovens acabam transformados em material descartável” (ChV, 78). A cultura do corpo padrão, sarado, uma cultura que promove “um modelo de pessoa estritamente associado à imagem do jovem” (ChV, 79) concentra-se num cuidado externo e extremo. Uma falsa beleza que é ancorada no prazer e na efemeridade, satisfazendo os desejos e regras do mercado, da moda, dos flashes e das redes sociais, mas nunca capazes de alimentar e sustentar uma vida juvenil, bela e perfeita aos olhos de Deus e com os valores do Reino, explicitados por Jesus. Ele é sempre e eternamente jovem, “Jesus é ‘jovem entre os jovens’” (ChV, 22). 

O “agora de Deus”

Duas expressões nos são muito profundas para uma verdadeira pastoral e evangelização com e para os jovens. A primeira, surgida um pouco antes do documento, mas extraída do coração do papa, em uma entrevista, ele afirma que “a juventude não é algo que se pode analisar de forma abstrata. Na realidade a ‘juventude’ não existe, existem jovens com suas vidas concretas” (ChV, 71). Aqui já encontramos um primeiro aceno sobre o “como trabalhar”, “como lidar”, “como enxergar” cada jovem em sua realidade e em nossa sociedade. Nossos jovens precisam redescobrir o valor e a importância em se trabalhar o projeto de vida de cada um. Quem não sabe onde estar e nem para onde ir, “qualquer caminho lhe serve”. E será, mesmo, que qualquer caminho nos serve?

O segundo aceno que é relevante recordar nestes 5 anos de Exortação é que os jovens não são e nunca foram o nosso amanhã. Nem mesmo o hoje, para o papa, eles são “o agora de Deus” (XXXIV JMJ, Panamá – 2019). “Não se pode esperar que a missão seja fácil e cômoda. Alguns jovens deram suas vidas pelo fato de não frear seu impulso missionário [...]. Amigos, não esperem o amanhã para colaborar na transformação do mundo com sua energia, sua audácia e sua criatividade. A vida de vocês não é um ‘enquanto isso’. Vocês são o agora de Deus, que os quer fecundos” (ChV, 178). Hoje nossas paróquias e comunidades despojam uma força hercúlea para sustentar grupos de jovens daqui, dali, acolá... Não afirmamos que não seja este o caminho, ele só se descobre fazendo-o. Mas, talvez, inserir os jovens na vida de comunidade, nas pastorais, na missão e no dia a dia seja o melhor grupo de jovens que podemos ter.

Participação e Escuta

Para terminar, nada mais proveitoso do que dar espaço às palavras do próprio papa Francisco em sua mensagem: “Há 40 anos, em 1984, São João Paulo II entregou a Cruz aos Jovens, reunidos junto dele em Roma, com a missão de a levarem a todo o mundo como sinal e memória de que, só em Jesus – Morto e Ressuscitado –, há salvação e redenção. Como bem sabeis, trata-se duma Cruz de madeira sem o Crucificado, desejada assim para nos lembrar que a mesma celebra, sobretudo, o triunfo da Ressurreição, a vitória da vida sobre a morte, para dizer a todos: ‘por que buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui, ressuscitou’ (Lc 24, 5-60. E vós, contemplai Jesus assim: vivo e transbordante de alegria, vencedor da morte, um amigo que vos ama e quer viver em vós” (25 de março de 2024).

 
 
 
 
 
 
 
 
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