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22/02/2024 Luis Miguel Modino - CELAM Edição 3968 Cardeal Ghirlanda: O caminho sinodal é fundamental para a formação sacerdotal e religiosa
"A perspectiva de sinodalidade na qual o Papa Francisco pede que toda a Igreja se coloque requer uma mudança em nossa maneira de ver e sentir, que só pode acontecer se nos libertarmos de tudo o que a impede. Por isso, devemos ajudar nossos formandos a realizar bem esse "caminho de discernimento para chegar à conversão do coração e da mente."

Analisar o caminho sinodal e a sua importância para a formação sacerdotal e religiosa foi o objetivo da palestra do Cardeal Gianfranco Ghirlanda, ex-reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e por muitos anos decano e professor da Faculdade de Direito Canônico da mesma universidade, aos futuros formadores, que teve como tema: "A reforma da Igreja sob o pontificado do Papa Francisco: implicações para a formação".

Formação dos formadores

O encontro, organizado pelo Centro São Pedro Favre para a Formação de Formadores para o Sacerdócio e a Vida Consagrada da Universidade Gregoriana, foi um evento que, segundo as palavras do professor, foi um sucesso. Um evento que, nas palavras do jesuíta Adelson Araújo dos Santos, pró-diretor do Centro Favre e superior da comunidade jesuíta na Gregoriana, "faz parte de uma série de conferências sobre diferentes temas de importância para uma formação integral e interdisciplinar, que visa oferecer elementos de crescimento humano, espiritual e acadêmico àqueles que serão destinados a colaborar na formação das futuras gerações de sacerdotes e membros de congregações e ordens religiosas".

Analisando a Constituição Apostólica "Praedicate Evangelium" sobre a reforma da Cúria Romana, o Cardeal Ghirlanda explicou que, precisamente por estar a serviço do Romano Pontífice e, portanto, dos bispos, a Cúria tem um caráter missionário: "a ajuda que ela dá é dirigida ao cumprimento daquela missão que Cristo confiou a Pedro e aos outros Apóstolos, de pregar o Evangelho". Para o cardeal jesuíta, "o Papa Francisco coloca a reforma da Cúria dentro de uma visão mais ampla da reforma de toda a Igreja, que implica uma mudança de relações no exercício do governo da Igreja para torná-lo mais eficaz em relação à finalidade para a qual a Igreja foi desejada por seu Fundador: anunciar o Evangelho da salvação ao mundo inteiro".

A sinodalidade como o caminho da Igreja no Terceiro Milênio

Nessa perspectiva, a sinodalidade se torna um elemento fundamental para o correto cumprimento do serviço que a Igreja é chamada a prestar no mundo. O cardeal recordou as palavras de Francisco em seu discurso de 17 de outubro de 2015 para comemorar o 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos, onde ele disse que "o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio", oferecendo sua visão de uma Igreja enraizada na história, mas aberta ao futuro. Essa visão deve ajudar os futuros formadores a perceberem a necessidade de envolver as mentes e os corações dos futuros sacerdotes e de todo o Povo de Deus nesse caminho, em um esforço para seguir o Senhor Ressuscitado presente na história, rumo à sua realização final.

Nessa perspectiva, o Cardeal Ghirlanda argumenta que o discernimento espiritual ocupa um papel central na visão do Papa Francisco, como um exercício espiritual de busca na história da vontade de Deus que está além da própria história. Por essa razão, "a visão inovadora de uma Igreja sinodal oferecida pelo Papa Francisco requer uma conversão do coração, porque nos impele a ampliar o nosso olhar, que sabe trazer à tona no momento presente as riquezas das perspectivas já contidas no Concílio Vaticano II", sublinhou o ex-professor da Universidade Gregoriana por muitos anos.

Tudo isso é de grande importância para qualquer programa de formação inicial e permanente de seminaristas e sacerdotes, porque "os pastores devem evitar cair em uma atitude auto defensiva e, assim, libertar-se de seu clericalismo centralizador e, ao mesmo tempo, os fiéis leigos não devem cair em um espírito de reivindicação e conquista de espaço", segundo o canonista. De fato, o papel dos formadores das novas gerações de líderes na Igreja é fundamental, porque "a perspectiva de sinodalidade na qual o Papa Francisco pede que toda a Igreja se coloque requer uma mudança em nossa maneira de ver e sentir, que só pode acontecer se nos libertarmos de tudo o que a impede. Por isso, devemos ajudar nossos formandos a realizar bem esse "caminho de discernimento para chegar à conversão do coração e da mente", conscientes de que "a conversão é obra do Espírito, mas não pode acontecer sem a colaboração humana", destacou o cardeal jesuíta.

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