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17/09/2021 Dione Afonso | PUC Minas Edição 3940 O Som do silêncio
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"O que se torna fascinante nessa história é a experiência auditiva que o filme nos faz experimentar. É angustiante conforme as cenas vão progredindo e a experiência sonora vai nos sufocando, fazendo-nos compreender um pouco o drama vivido..."

A experiência que o filme O Som do Silêncio (The Sound Of Metal, 2020) pôde me proporcionar foi algo ímpar. Dirigido por Darius Marder, o longa esteve concorrendo em quatro Categorias na 93ª edição do Oscar, realizado no último 25 de abril. Infelizmente, a maratona do cinema esse ano teve que acontecer nas telas menores disponíveis em nossas casas. O que alterou, de fato, essa experiência humana, totalmente. Marder conta a história de um músico, baterista de uma banda de rock metal que, por conta da alta exposição dos altos níveis de decibéis, ele perde mais de 90% de sua audição, limitando-o imediatamente em seu ofício.

Riz Ahmed é o ator que dá vida ao protagonista Ruben Stone. Stone não se conforma com a sua nova condição de vida. Tenta, a todo custo, voltar a exercer sua profissão, mas, sem sucesso. Sua companheira na banda, e também, na vida, Lou (Olivia Cooke) tenta convencê-lo a buscar ajuda, recursos, tratamento e, se vê abandonando seu parceiro. Stone, sozinho, encontra uma comunidade de surdos onde ele aprende a conviver com o seu novo jeito de entender o mundo e as pessoas. O que se torna fascinante nessa história é a experiência auditiva que o filme nos faz experimentar. É angustiante conforme as cenas vão progredindo e a experiência sonora vai nos sufocando, fazendo-nos compreender um pouco o drama vivido por Ruben Stone.

Quando celebramos o 13 de maio, o nosso dia, Dia do Sacramentino, eu entendi um pouco mais o que foi essa experiência que vivi com O Som do Silêncio. A forma com que a vida vai nos mudando, vezes nos limitando, outras nos lançando ao novo é sempre uma experiência fugaz e definitiva. Podendo conviver um pouquinho com o nosso irmão, o Pe. Sebastião Braz, SDN, nesse dia 13, reunidos, ele pôde me contar um pouco mais (pois eu já havia ouvido dele sobre o assunto em outra ocasião) sobre essa experiência de se conectar a um aparelho auditivo.

Vejam bem: no filme, Stone, busca, sem reservas, um meio de voltar a ouvir. Ele quer sua audição de volta e quer poder voltar à sua vida normal, à sua vida de antes, ao seu amor de antes, sua profissão... Nisso, ele fere o código de ética da comunidade de surdos na qual ele estava inserido, pois lá, “não era um lugar onde você iria consertar algo. Não há nada na nossa vida que esteja quebrado e que precisamos consertar. Ali é um lugar para se aceitar, e aceitar o novo em nós”. Stone quebrou esse código quando buscou recursos para a cirurgia e o implante de um aparelho auditivo. Ele não se deu conta de que a partir de então, ele teria que se aceitar, viver em sua nova condição. Porém, Stone não consegue se adaptar com o aparelho. E aqui está a grande experiência que só o Pe. Sebastião pôde me explicar: com o aparelho, você pode, sim, ouvir melhor; no entanto, o barulho é triplicado, o som alto é ensurdecedor. No filme, um badalar de sinos quase explodiu a cabeça de Stone, e, a última cena mostra o personagem se libertando do aparelho sentindo-se livre, sem ouvir nada e ninguém. Apenas o som do silêncio...

Assistir a esse filme numa sala de cinema, imagino que iria ser uma experiência mais impactante com toda a qualidade de sons e acústica. A pandemia nos limitou quanto a isso. Mas, se você for assisti-lo, aconselho a assistir usando o recurso dos fones de ouvidos para que a sua experiência seja mais completa na medida em que o personagem de Riz Ahmed vai perdendo sua audição.

Irmãos, há alguns dias pudemos celebrar, dentro de nossas condições sanitárias, o nosso esperado 13 de Maio. Uma data muito significativa e que concentra o coração de nossa Congregação. Nele está nossa espiritualidade e carisma. O filme nos ensinou que nossas limitações humanas não podem se tornar um problema a ser consertado, mas uma condição a ser compreendida. Que nós, possamos, dentro de nossas limitações, possamos acolher essas limitações, nossas e a de nossos irmãos e, nas vésperas de um novo Capítulo Geral, que as discussões não venham na ordem da correção do que está quebrado, mas na oração e compreensão do que podemos fazer mesmo sendo quebrados, limitados, mas cheios de esperança.

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