Formação Catequese
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05/04/2022 Denilson Mariano Edição 3946 Seminário virtual: Os princípios e a teologia da Iniciação à vida Cristã Primeiro dia do Seminário Nacional de Iniciação à Vida Cristã para presbíteros
F/ CNBB
"A pessoa precisa ser iniciada de forma que a pessoa se sinta realmente tocada em profundidade, o que torna essencial a comunidade e a missão dos pastores. Por fim, Mais que entrar na Igreja, os fieis devem ser acolhidas nelas. A comunidade toda é responsável pela IVC. Uma urgência que precisa ser assumida com decisão, coragem e determinação. "

 

Organizado pela Comissão Episcopal de Animação Bíblico-Catequética da CNBB, teve início hoje, 5 de abril, e se estende até o dia 7, o Seminário Nacional de Iniciação à Vida Cristã (IVC), voltado para Presbíteros de todo o Brasil, realizado totalmente on-line. Padre Jânison, assessor da Comissão, salientou que o seminário visa animar e motivar todos os presbíteros para que possam assumir sempre mais o projeto da Iniciação à Vida Cristã em suas comunidades.

O mundo mudou e a fé já não se transmite naturalmente

Dom Joel Portella Amado, Secretário Geral da CNBB, deu abertura ao Seminário acolhendo a todos os presentes, manifestou desejo de bons frutos nesta iniciativa e destacou que permanece a urgência da IVC. O mundo mudou não estamos na cristandade, desapareceu o chamado “catecumenato social”. As grandes instituições sociais, entre elas a família, já não transmitem a fé. Nas mãos dos presbíteros está, em grande parte, os rumos da ação evangelizadora. São séculos de uma pastoral de conservação e é difícil fazer diferente. Somos afetados por um jeito de fazer pastoral, mas o momento agora é diferente, exige ir além, buscar novos caminhos para a IVC.

Dom Waldemar Passini (da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética) bispo de Louisiânia, salientou que muitas de nossas comunidades já não manifestam sua vitalidade pelo número de fieis, mas pela capacidade de gerar. Não temos um “catecumenato social”, esta tarefa é dos cristãos católicos, missão de transmitir a tradição viva que nos alcançou: o encontro com Jesus Cristo que dá um novo horizonte para a vida. Como os discípulos de Emaús, a partir do encontro com Jesus voltar para anunciar a experiência da vida nova que nos alcançou. Com ardor, com entusiasmo para iniciar novos irmãos nesta vida, com discípulos missionários. Isso é iniciar na vida cristã.

Dom João Francisco Salm, Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, insistiu em três pontos importantes para a IVC. 1. Uma advertência, pois nossa maior ameaça: “tudo vai degenerando em mesquinhez” (Bento XVI); bem como o “desabafo” de Francisco: a pior descriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual, há uma abertura à fé. Neste sentido, a Opção Preferencial pelos Pobres deve traduzir-se em zelo pastoral. 2 Sobre definição de IVC. Processo a ser vivido é bonito, mas exigente. “Ou seremos místicos ou não seremos cristãos” (K. Rahner), exige uma mudança existencial, uma nova vida, uma nova identidade. A pessoa precisa ser iniciada de forma que a pessoa se sinta realmente tocada em profundidade, o que torna essencial a comunidade e a missão dos pastores. Por fim, Mais que entrar na Igreja, os fieis devem ser acolhidas nelas. A comunidade toda é responsável pela IVC. Uma urgência que precisa ser assumida com decisão, coragem e determinação. Não podemos delegar a terceiros essa missão, temos de abraçar, ajudar a fazer das comunidades ambientes que acolham.

A Iniciação à Vida Cristã à luz do Documento 107.

Pe. Abimar Moraes, da PUC-Rio, iniciou ressaltando que vivemos uma mudança de tempo, mudanças culturais, mudanças que exigem pensar e repensar a transmissão da fé. A inspiração catecumenal da catequese é o caminho para a IVC, apresentada, eleita pela CNBB para a Igreja do Brasil. Foi o tema central da 55ª Assembleia Geral da CNBB (2017), com a publicação do Doc. 107. “Iniciação à Vida Cristã: itinerário para a formação de discípulos missionários”. O texto procura mostrar o caminho que a Igreja do Brasil vem fazendo e as orientações para a IVC.

Qual a contribuição dos presbíteros para o processo de IVC neste processo catecumenal? A IVC é modelo e paradigma inspirador para a vida da comunidade eclesial missionária. Nesta mudança de época que afeta o modo de ser e de compreender das pessoas, exige também mudanças no modo de transmissão da fé. Ninguém nasce cristão ou entra na vida cristã por uma herança cultural, mas torna-se cristã por um processo de IVC que acontece dentro da catequese. Um “mergulho no mistério de Deus e da Igreja”.

Qual a proposta da Iniciação à Vida Cristã? Inspirada em Aparecida, trata-se de uma ação de toda a comunidade que ao assumi-la, renova a vida interna e desperta seu caráter missionário (DAp. 291). Um dos caminhos de conversão pastoral na vida da Igreja. Trata-se de repensar a comunidade e a Igreja internamente para que possa abrir-se mais para a dimensão missionária. Trata-se de um “nascer para a Igreja” a partir dos conceitos de comunhão, participação e missão eclesial. Para a CNBB a IVC tem relação com situações que nos transformam em pessoas novas e por isso exige preparação.

Por fim ressaltou o que é a inspiração catecumenal? Mais que um método, uma dinâmica, uma pedagogia, é uma mística, um momento de entrada (sem fim) progressiva na busca de Deus para a fé cristã, “mergulhar” no mistério profundo de Deus. Não é um modo novo (método, ou pedagogia) de fazer catequese. Trata-se de pensar o modo de introduzir, acolher o novo membro de fé na comunidade católica. Propiciar meios para que a comunidade seja capaz de reconhecer sua missão de gerar novos filhos(as) na experiência de fé.

A teologia da Iniciação à Vida Cristã

Dom Antônio Luiz Catelan Ferreira, iniciou a abordagem desse tema destacando que há uma fragmentação, já constatada pela CNBB, entre os sacramentos da IVC e os sete sacramentos como um todo, também uma fragmentação entre sacramentos e evangelização e entre fé e vida. Superar essa fragmentação já era um dos anseios do Documento Catequese Renovada, há 39 anos atrás.

O Documento 107, da CNBB, n. 123, indica que há um nexo profundo entre os sacramentos de iniciação e o processo de IVC. “Há um nexo profundo entre a realidade dos sacramentos da iniciação e o itinerário catecumenal que a eles conduz. Em determinados períodos da história da Igreja foram até chamados conjuntamente de “o sacramento da iniciação”, para expressar sua profunda interação. Isso é importante para que superemos a atual fragmentação existente entre os três sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia.” Mas na prática ainda há uma grande luta para superar essa fragmentação, conforme no número 128 deste Doc. 107: “Em nossa prática pastoral, por motivos históricos e culturais, os três sacramentos da Iniciação à Vida Cristã estão, em geral, desconectados”.

Fruto de variados acontecimentos históricos, a perda da unidade, entre Palavra, Sacramento e Caridade, desembocou na consequente perda da unidade do Kerigma. O desafio é superar a fragmentação dos sacramentos da IVC e entre catequese e ritualidade. Unidade entre o que se crê, ora e vive.

De maneira rica e bem fundamentada, procurou destacar a unidade dos sacramentos entre si e o processo catecumenal como um todo. E por fim destacou o n. 124 do Doc. 107 da CNBB como caminho para constante alimentar-se de Cristo que se transforma numa amizade feliz que dá sentido à vida: “Os processos iniciáticos, que culminam nos sacramentos da Iniciação à Vida Cristã, introduzem o crente no mistério de Cristo e da Igreja. Neste sentido, a expressão “Iniciação à Vida Cristã”, se refere tanto ao caminho catequético catecumenal de preparação aos sacramentos, quanto aos próprios sacramentos que marcam a iniciação e a vida nova que deles nasce”.

Terminou salientando a unidade dos sacramentos em geral e em especial da unidade dos sacramentos da Iniciação à vida Cristã por meio do vinculo com a Trindade: No Batismo o vínculo com o Pai, do qual somos filhos; na Crisma, o vínculo com o Espírito que nos reveste de seus dons, na Eucaristia, vínculo com Cristo que nos alimenta.

O segundo dia será dedicado ao Kerigma e mistagogia na IVC e ao caminho de implementação da IVC.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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