Formação Liturgia
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29/04/2020 Serginho Valle Edição 3923 Pastoral Litúrgica Paroquial e casamentos
F/ alessandra luvisotto / visualhunt.com
"O Rito do Matrimônio tem a finalidade de criar esta participação e comunhão celebrativa litúrgica dos noivos, da família e da comunidad"

Serginho Valle

 Na maior parte das comunidades, a “indústria dos casamentos” tomou conta das celebrações e ocupa o lugar da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP). Existe todo um comércio que gira em torno das celebrações de casamentos, incluindo a Liturgia. [...]

Na Liturgia, temos o cerimoniário, no casamento, o cerimonialista. Este se apresenta bem vestido e age discretamente, com precisão e classe. Inicia sua atividade na porta da igreja como recepcionista e organizador da procissão de entrada — de várias procissões, algumas das quais semelhantes a desfiles. Em termos celebrativos, exerce a atividade do ministério da acolhida, dedicando atenção especial aos noivos, aos pais dos noivos e aos padrinhos e madrinhas. Procura acalmar os noivos, se necessário, garantindo que tudo acontecerá como preparado. [...]

 

Dois sentimentos

O primeiro é de admiração porque existe neste desenrolar de ritos todo um exercício de criatividade e de organização celebrativa. Preciso admitir que a “indústria dos casamentos” percebeu que o rito da celebração matrimonial é simples, como é característico da nossa Liturgia, e por isso era necessário introduzir ali o sentimento e a emoção. O rito descrito no Ritual do Matrimônio precisava ganhar vida e isto significou um exercício de criatividade que está na decoração do espaço celebrativo, na qualidade artística dos músicos e dos cantores, na discrição do cerimonialista, na introdução de gestualidades. [...]

Meu segundo sentimento, como liturgista, é de tristeza. Fico triste porque este cenário é indicativo claro da falta de uma PLP. Quem deveria realizar toda esta celebração, e com igual qualidade e competência, deveria ser uma equipe celebrativa (ou várias) designada pela Equipe Litúrgica que coordena a PLP. Seria uma equipe grande, é verdade, constituída por músicos, ornamentadores, cerimonialista... Uma ou várias equipes de celebração capaz de preparar os noivos para não apenas serem atores na celebração, mas protagonistas.

O Rito do Matrimônio proposto pela CNBB, em 1991, tem a finalidade de criar esta participação e comunhão celebrativa litúrgica dos noivos, da família e da comunidade. Não saberia dizer se o rito foi bem acolhido e nem mesmo se é celebrado com certa frequência.

 

Formação

Hoje, na situação que chegamos, na maior parte das nossas comunidades, impedir que o pessoal da “indústria dos casamentos” atue é comprar briga. Por isso, em vez do litígio, os coordenadores da PLP poderiam encontrar meios de ajudá-los a celebrar liturgicamente. Refiro-me a um projeto formativo direcionado a esse pessoal.

A maior parte deles não conhece Liturgia, por isso não se preocupa com o conteúdo. A preocupação é com a encenação, com a beleza do espaço celebrativo, da música, da gestualidade dos ritos. Já fazem bem isso, portanto, o projeto formativo para esse pessoal precisa ser pensado a partir do conteúdo. E, neste caso, estou dizendo que o departamento formativo da PLP pode criar um roteiro formativo de cunho teológico, litúrgico e ritual. [...]

Formação importante, e em certos casos, importantíssima, deve ser proposta aos fotógrafos e cinegrafistas, para ajuda-los a realizar o seu trabalho de modo discreto e sem invadir espaços rituais, prejudicando (e enervando) o padre, por exemplo.

 

Diálogo

Pela formação, dialogando com essa gente, existe a possibilidade de um enriquecimento mútuo. É um trabalho que vai colocar a PLP em contato com pessoas de outras Igrejas, em contato com pessoas que vêm à igreja só para exercer este trabalho. Por isso, não se trata, somente, de um trabalho organizativo, mas também evangelizador e de crescimento espiritual.[...]

É um diálogo que prima pela qualidade da celebração litúrgica matrimonial, que se caracteriza não somente pela beleza ritual, mas que a beleza ritual realce a beleza espiritual de um casal que é abençoado para iniciar uma nova família. Uma celebração que não seja somente para ser vista, mas vendo-a, torne-se capaz de questionar especialmente a vida dos casais presentes. Celebração evangelizadora, portanto, capaz de tocar a vida.

 

Fonte: liturgia.pro.br

 

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