Dom Paulo Mendes Peixoto*
Parece ser contraditório, mas não é, principalmente no tempo de pandemia, quando as tratativas passaram a ser feitas a distância. É o que está sendo chamado de “novo normal”, ancorado na expressão virtual. A Internet permitiu relacionamentos fraternos e comerciais a distância, sem presença física, que podemos chamar de presença na ausência. Ciência colocada a serviço da comunicação.
Esses dados virtuais podem ajudar a entender o significado da Páscoa da Ressureição. Jesus não está mais presente fisicamente no mundo. Na Ascensão refletimos sobre sua volta para a Casa do Pai, mas continua presente de forma espiritual, seja através da Eucaristia ou onde dois ou três estiveram reunidos em seu nome, diz Ele ali estar presente. Portanto, é uma presença na ausência.
Esse fato é comprovado pelo firme e autêntico testemunho dos primeiros cristãos, principalmente por Paulo e Barnabé, grandes anunciadores da Ressurreição do Senhor. Os dois não conviveram fisicamente com Jesus, mas anunciaram, com determinação, tudo o que eles mesmos receberam dos seus contemporâneos, dos que tiveram a oportunidade de acompanhar toda a trajetória de Jesus.
Mesmo não estando presente fisicamente, o mistério da fé conduz a pessoa ao encontro pessoal com Deus, em Jesus Cristo. A fé é o mistério dessa presença na ausência. Como diz Jesus a Tomé no seu momento de incredulidade: Tomé, “Bem-aventurados os que não viram, e creram!” (Jo 20,29). Não é fácil entender a Aliança que faz acontecer o mistério da relação entre o céu e terra em Jesus Cristo.
A promessa bíblica revela claramente a presença de Deus nas pessoas de fé. É aquilo que está contido no seguinte texto: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23). Essa presença do ressuscitado já tinha sido prometida por Jesus aos primeiros cristãos, ao dizer: “Vou, mas voltarei a vós!” (Jo, 14,28).
A presença misteriosa de Jesus no mundo, especialmente na vida das pessoas de fé em Deus, revela a identidade do cristão, daquele que está no mundo, mas tem como destino último a vida eterna no Pai. Quem morre não volta mais e só deixa saudade, porque não está mais presente fisicamente, a não ser deixando uma presença de sentimentos, de lembranças e saudade.
*Arcebispo de Uberaba
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