Retrocesso na Igreja: por que a sucessão do papa Francisco preocupa em eventual renúncia?
Por Frei Betto
O artigo de Frei Betto faz uma análise crítica sobre um possível retrocesso na Igreja Católica caso o Papa Francisco renuncie ao pontificado. O autor alerta para a ascensão do conservadorismo e os desafios que o próximo conclave enfrentará ao escolher o sucessor do atual pontífice.
1. O contexto das renúncias papais na história
O texto começa relembrando que, historicamente, a renúncia papal é rara. Apenas cinco papas abriram mão do trono de Pedro:
- Bento IX (século XI), marcado por escândalos e disputas de poder.
- Gregório VI, que comprou o cargo e depois foi deposto.
- Celestino V, monge que, pressionado pela politicagem do Vaticano, renunciou após poucos meses.
- Gregório XII, que abriu mão do papado para evitar um cisma.
- Bento XVI, teólogo que preferiu se dedicar à oração e à escrita.
O autor contextualiza essas renúncias para indicar que Francisco pode seguir o mesmo caminho, especialmente considerando sua idade e problemas de saúde.
2. A disputa pelo futuro da Igreja
O artigo destaca a tensão nos bastidores da Igreja quanto à escolha do próximo papa. Entre os 252 cardeais, 138 têm direito a voto, e grupos distintos disputam a sucessão:
- Cardeais americanos buscarão um candidato alinhado a seus interesses.
- Italianos tentarão recuperar a tradição de um papa do seu país.
- Africanos e asiáticos podem ter chances inéditas de assumir o trono de Pedro.
No entanto, Frei Betto ressalta que, atualmente, não há um cardeal latino-americano considerado forte candidato à sucessão.
3. O embate entre conservadorismo e progressismo
O autor enfatiza que, após os longos papados de João Paulo II e Bento XVI, a maioria do clero católico foi formada sob uma mentalidade conservadora. O pontificado progressista de Francisco incomoda esse grupo, tornando o próximo conclave um evento tenso, com riscos de retrocesso nas reformas do atual papa.
4. O impacto da sucessão papal na sociedade
Frei Betto insere a questão do futuro da Igreja dentro de um contexto mais amplo, associando a escolha do novo papa à luta por um mundo menos desigual e mais sustentável. Ele conclui com uma reflexão realista: tempos difíceis estão por vir, mas é preciso manter a esperança e o engajamento por um futuro mais justo.
O artigo combina análise histórica, cenário atual e projeção do futuro da Igreja. Frei Betto sugere que a eventual renúncia do Papa Francisco pode abrir espaço para um movimento conservador que comprometeria suas reformas, reforçando a necessidade de atenção e ação diante desse possível cenário.
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