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“Roma tem de ter a última palavra, não a primeira” diz João Duque

Por Rede sinodal em Portugal

João Duque, teólogo fala à Rede Sinodal e  discute os desafios e possibilidades de aplicação do Documento Final do Sínodo na vida da Igreja, especialmente em suas estruturas paroquiais e diocesanas. Um dos pontos centrais é o papel do Direito Canônico, que pode tanto ser um fardo quanto uma ferramenta libertadora. Se bem aplicado, ele pode garantir que certas estruturas, como conselhos pastorais e econômicos, sejam obrigatórias e funcionem de forma efetiva, prevenindo abusos de poder e incentivando uma gestão mais participativa dentro das comunidades.

Outro tema relevante é a possibilidade de mudanças disciplinares, com destaque para a questão do celibato clerical. O texto sugere que decisões desse tipo dificilmente serão tomadas de maneira global, mas podem avançar em nível regional. Isso porque cada continente tem sua própria realidade cultural e desafios distintos. Por exemplo, mudanças no celibato poderiam começar na África, onde há uma base cultural diferente, enquanto a Europa poderia ser mais resistente e dividir-se em abordagens distintas entre Oriente e Ocidente.

A diversidade dentro da Igreja também aparece como um ponto-chave. A experiência sinodal deixou evidente que a Igreja Católica não é homogênea, especialmente na Europa, onde há tensões entre diferentes países. Enquanto a Igreja na Alemanha segue um caminho mais progressista, países do Leste Europeu, marcados pelo trauma do comunismo, tendem a rejeitar mudanças que consideram ligadas a ideias de esquerda. Ao mesmo tempo, na América Latina, há uma visão diferente, que pode ser mal interpretada por outras regiões. O desafio é aceitar essa pluralidade sem comprometer a unidade da Igreja.

Por fim, o texto critica o modelo centralizado de tomada de decisões dentro da Igreja, onde Roma não apenas dá a última palavra, mas também a primeira e todas as intermediárias. O autor defende que as decisões deveriam ser debatidas e amadurecidas localmente, com Roma intervindo apenas quando necessário para validar ou ajustar. Essa abordagem permitiria que a Igreja se tornasse mais flexível e sensível às realidades locais, sem perder sua identidade global.

A entrevista é o segundo episódio da iniciativa “No coração da esperança” promovida pela Rede Sinodal em Portugal em parceria com os seguintes meios de comunicação: 7MARGENS, Diário do Minho, Voz Portucalense, Correio do Vouga, Correio de Coimbra, A Guarda, Rede Mundial de Oração do Papa, Folha do Domingo.



Fonte: 7Margens

Síntese, redação O Lutador

 

 

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