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15/03/2022 Antônio Carlos Santini Edição 3945 22 FERMENTO Símbolos da Bíblia
F/ SQY
"“Purificai-vos do velho fermento!” (1Cor 5,7)"

A figura do fermento é um dos símbolos bíblicos que pedem dupla leitura, pois apresenta evidente ambiguidade. Na Primeira Aliança, o fermento tem valor negativo: por dar início a um processo de decomposição, está associado à ideia de “impureza”.

Na celebração da Páscoa judaica, comia-se um pão sem fermento (a-zymo) para recordar a noite da libertação, no Egito, quando Israel tinha pressa em pôr-se a caminho e, por isso, não havia tempo de esperar pela fermentação da massa (cf. Ex 12,39).

Desde então, quando as famílias dos hebreus se preparavam para o Pessach, deviam correr toda a casa e eliminar minuciosamente todo resto de fermento, num rito de purificação. Segundo as normas rígidas do AT, na “festa dos ázimos”, celebrada no mês de Abib (março/abril), “todo aquele que comer algo fermentado, desde o primeiro até o sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel” (Ex 12,15).

Jesus alertou seus discípulos sobre o perigo do “fermento dos fariseus” (cf. Mt 16,6), ou seja, o apego às velhas tradições com a exigência de cumprir os antigos preceitos acrescentados à Lei mosaica. Em oposição à novidade da Boa Nova, esse fermento representava uma prisão ao passado, a um legalismo que ameaçava “corromper” a boa doutrina.

Quando a comunidade dos gálatas mostra certa tendência judaizante, inclinando-se a algumas práticas ultrapassadas pela vida nova no Espírito, Paulo apóstolo faz um alerta: “Rompestes com Cristo, vós que buscais a justiça na Lei; caístes fora da graça. [...] Um pouco de fermento leveda toda a massa”. (Gl 5,4.9) Um escândalo ocorrido na comunidade de Corinto mereceu outra exortação semelhante: “Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento”. (1Cor 5,7)

No entanto – e eis-nos no polo oposto desse simbolismo -, Jesus valeu-se da imagem do fermento para falar do dinamismo secreto do Reino de Deus. Em uma pequena parábola (cf. Lc 13,20-21), ele fala da mulher que prepara a massa do pão, onde o fermento “escondido” a fará crescer durante a noite. Chama a atenção a desproporção entre a farinha (cerca de 45 litros: o seah hebraico corresponde a 15 litros, aprox.) e o pouco de fermento misturado à massa.

Como diz o povo, com pouco Deus faz muito...

Alguns textos bíblicos: Lv 2,11ss; Mt 13,33.

 (Do livro “Uma voz na nuvem – Símbolos da Bíblia” – Ed. Cultor de Livros – S. Paulo, 2021)

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