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01/02/2022 Dione Afonso | PUC Minas Edição 3944 CF 2022, jovens em busca de uma Educação Integral
F/ Pixabay
"A CF 2022 nos educa a “falar com sabedoria, ensinar com amor” (cf. Pr 31, 26). A sabedoria como que se personifica, assume postura de profeta ou profetiza e nos indica um futuro belo e verdadeiro, pois ela “se veste de força e dignidade e sorri para o futuro” (Pr 31, 25)."

 

Uma das grandes alegrias da Campanha da Fraternidade de 2022 (CF 2022), proposta pela Igreja do Brasil é o caminho educativo motivado através do Pacto Educativo Global lançado pelo Papa Francisco (Roma, 2020). Os sete compromissos elencados pelo pontífice são um conjunto de atitudes que contribuem com a tentativa em construir uma sociedade integral. Pensar a integralidade de tudo e de todos consiste em olhar os problemas sociais e enfrentar a crise humana com um olhar mais integrado e em conjunto. “Tudo está interligado” (FT, 34), deste modo, o problema de um é problema de todos.

Quando nos debruçamos sobre a situação do sistema educacional brasileiro, somos convidados a olhar, sobretudo, àqueles que, diretamente, se beneficiam e veem nele, uma oportunidade melhor de futuro: as crianças, os adolescentes e os jovens. A CF 2022, com espírito quaresmal de conversão, nos convida a enxergar que o processo educacional não é restrito às instituições de ensino pública e privada. Educar é tarefa de todos e missão nossa. Educar vai além da sala de aula. Começa na família, se estende na comunidade, contribui com a construção de relações saudáveis e fortalece as novas gerações para um futuro mais justo e fraterno.

Os jovens e o Projeto Pessoal de Vida (PPV)

A CF 2022 nos educa a “falar com sabedoria, ensinar com amor” (cf. Pr 31, 26). A sabedoria como que se personifica, assume postura de profeta ou profetiza e nos indica um futuro belo e verdadeiro, pois ela “se veste de força e dignidade e sorri para o futuro” (Pr 31, 25).

O caminho educacional de nosso país precisa assumir um processo integral e que valorize a educação popular. Tal processo acolhe a troca de saberes que permite uma educação mais humanizadora. Assim, nossos jovens poderão pensar em seu Projeto Pessoal de Vida, não um projeto egoísta e individualista, mas um projeto dinâmico, inserido numa comunidade educadora. Educar é humanizar, e o caminho da educação começa na família, passa pela escola, e continua na comunidade e na sociedade.

É preciso pensar em processos educativos que promovam a construção de comunidades educadoras, locais que proporcionem ambientes propícios a compartilhar saberes, seja na escola, na família, no ambiente de trabalho, na igreja, no esporte, no lazer. Essa história de que o jovem passou pela escola, mas a escola não passou por ele é uma história que precisa virar a página e dar seguimento a um novo capítulo.

A Sabedoria conduz para um Projeto de Vida. Permite ao jovem a chance de poder olhar para o horizonte e enxergar um futuro promissor, alegre e que o complete como ser humano. Trata-se, portanto, de construir uma Educação Integral que olhe cada ser humano por inteiro, na completude de seus sentimentos, de sua inteireza, corpo, mente e dignidade.

Para falar do jovem e a construção de seu Projeto Pessoal de Vida, é preciso olhar para essas realidades onde nossos pés pisam e nossos olhos contemplam: o que a minha escola promove para o meu desenvolvimento humano? Como é a participação e contribuição de minha família no meu processo educativo? O que eu penso do futuro? Qual é o meu Projeto de Vida? Como a comunidade e a sociedade me ajudam a construir este meu Projeto?

Responder essas questões é nos colocar num processo de humanização. Educar é humanizar. “Educar é ‘aprender a fazer’. Educar é ‘aprender a conviver’. Educar é ‘aprender a aprender’. Educar é ‘aprender a ser’. Estes são os quatro pilares da educação que nos acompanham vida afora” (Texto Base CF 2022, 112). “Deixem que se aproximem de mim as crianças” (cf. Mt 19, 14); deixem que venham as crianças, os jovens, os adolescentes. Ouçamos a eles, seus sonhos, seus projetos para o futuro, o que pensam da vida, o que buscam, o que querem fazer pelo meio ambiente, pelo cuidado com a natureza.

A comunidade educadora familiar

Quando assistimos a segunda temporada de Cobra Kai (2021), série de TV da franquia Karatê Kid (1984, 1986, 1989), a realidade de jovens que vivem num ambiente marcado pelo preconceito, violência e bullying é bastante explícita e, infelizmente, muito próxima da realidade na atualidade. Cobra Kai é uma das melhores produções juvenis hoje. A narrativa não romantiza e nem cede ao exagero comercial quando trata de temas centrais e dos dramas da juventude.

O pequeno Anthony LaRusso, que teve uma infância imerso nas redes sociais, amparado pelos jogos online, teve as principais descobertas orientadas pela internet. Depois, sua adolescência é marcada pela “nerdice” desenvolvida graças ao acesso aos melhores aparelhos tecnológicos. Sofre um episódio de bullying virtual que o marca profundamente. A comunidade educadora familiar de Anthony é marcada pela falta de diálogo e educação dos pais que, ao transferir a missão de educar o filho para a tecnologia dos dispositivos, perde a essência da vida e deixa de cuidar do ser humano integral.

Estamos vivendo uma experiência em nossas vidas que irá nos marcar para sempre. A pandemia escancarou uma série de problemas que há muito já vinham ferindo nosso povo e desestimulando nossos jovens. A exclusão não só social, mas digital, afastou muitos das escolas, das universidades; impediu que muitos continuassem a lutar por seus sonhos; dificultou o trabalho; tumultuou as relações familiares dentro de casa...

O ensino e o trabalho remotos foi uma solução buscada por muitos, mas nem todos tiveram acesso. Os crimes digitais, fake news, cyberbullying, avanço da prostituição e venda do corpo online afetou drasticamente a vida e as relações. Por isso, no Pacto Educativo Global, a primeira tarefa é colocar no centro a pessoa. Pensar a partir dela, que a Educação a coloque no centro desse processo de educar, ensinar com amor, promover seu crescimento comunitário e social. E assim, que o ambiente escolar não seja um peso, mas se torne um espaço em que se valorize todas as dimensões do ser humano.

 

Para o grupo de jovens:

  1. Cobra Kai tem 4 temporadas disponíveis na Netflix e tem classificação de 14 anos. O grupo pode propor assistir um dos episódios para a discussão relacionando com esse texto;
  2. O encontro pode ser iluminado com a oração do texto bíblico João 8, 1-11, onde Jesus propõe um caminho educativo que, ao invés de condenar, primeiro ele escuta, deixa que a pessoa acusada fale, e depois a acolhe. Como esse texto nos ajuda a pensar a educação integral em nossas escolas e a educação que começa em casa e na nossa comunidade?

Ir. Dione Afonso, SDN - dioneafonsofaje@gmail.com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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