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08/04/2022 Luis Miguel Modino - Regional Norte 1 Edição 3946 Missão na Tríplice Fronteira: “Viemos mais para acrescentar do que para mudar”  
F/ By L M Modino
"Embora precisemos primeiro dar o pão a quem tem fome e depois o Evangelho, nossa prática pastoral não pode se deter no assistencialismo... Viemos mais para acrescentar do que para mudar... o desafio é saber equilibrar o dar e o receber na missão”. "

 

O convento dos capuchinhos de Benjamim Constant, no lado brasileiro da Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, acolheu nesta semana mais um encontro transfronteiriço dos missionários e missionárias que trabalham nessa região da Amazônia, onde se encontram a Diocese do Alto Solimões (Brasil), o Vicariato de Letícia (Colômbia) e o Vicariato de São José do Amazonas (Peru). Acompanhe o relato de Luis Miguel Modino.

“Superar as fronteiras e construir pontes que unam”

O Documento Final do Sínodo para a Amazônia aborda a questão das estruturas sinodais regionais na Igreja Amazônica, fazendo um chamado a “articular espaços sinodais e gerar redes de apoio solidário”. Por isso, é visto como algo urgente “superar as fronteiras que a geografia impõe e construir pontes que unam”, algo que já aparece no documento de Aparecida 15 anos atrás.

Movidos pelo desejo de encontrar-se e partilhar suas experiências de vida e evangelização, mais de 30 missionários e missionárias se reuniram, superando as dificuldades que na Igreja da Amazônia representam as distâncias e as dificuldades de comunicação e transporte. Leigos e leigas, padres, religiosos e religiosas se fizeram presentes, mostrando a diversidade missionária presente na região. Pessoas de diferentes idades, tinha missionários com 22 anos e com 81 anos de idade, mas também com diferente tempo de missão na região, uma semana na fronteira e 24 anos de presença.

Os participantes destacaram a acolhida muito fraterna, “vislumbrada no sorriso de tantos que sentem na pele os gritos do povo e da natureza amazônicas clamando por vida, justiça, paz e cuidado amoroso e esperançoso, mas sabem que não estão sozinhos porque o Senhor da vida os acompanha. Gente que veio e soube ficar nesse mundo de água, céu e terra como missão de criaturas em busca do seu Criador. Lutadores da justiça ecológica nas fronteiras da querida Amazônia, anunciamos a fraternidade e a amizade social, denunciando a necropolitica”.

Como missionários e missionárias na Tríplice Fronteira, o encontro quis mostrar que “nosso grito é pela vida escondida nessas fronteiras, a dignidade humana, a sustentabilidade, a misericórdia, o amor de Cristo que não mata, mas morre de amor por nós”, insistiram os participantes do encontro, destacando que “afinal somos tudo e todos irmãos”.

Um coração aberto ao mundo inteiro

O capítulo IV da encíclica Fratelli tutti ajudou nas dinâmicas realizadas ao longo do encontro, querendo assim refletir sobre a importância de um coração aberto ao mundo inteiro. Nessa perspectiva, os missionários e missionárias falaram dos sinais de encarnação do seu agir missionário, insistindo no convite a serem pontes e não muros, uma atitude mais do que necessária nas regiões de fronteira.

O encontro foi momento para refletir sobre o fato de que “embora precisemos primeiro dar o pão a quem tem fome e depois o Evangelho, nossa prática pastoral não pode se deter no assistencialismo”, segundo os participantes. Nesse sentido, foi colocado em destaque que “viemos mais para acrescentar do que para mudar”, destacando que “o desafio do missionário é saber equilibrar o dar e o receber na missão”. Também apareceu com insistência o sentimento que os missionários e missionárias tem de ser um sinal de sinodalidade na fronteira.

O encontro foi momento para escolher a nova coordenação, agradecendo àqueles que prestaram esse serviço nesses últimos anos. O capuchinho frei Manoel, a leiga marista Mayra, a irmã Dorinha do Peru e o padre Carlos da diocese do Alto Solimões formam a nova coordenação. O próximo encontro, marcado para o dia 24 de agosto em Atalaia do Norte, será oportunidade para refletir sobre a sinodalidade e a missionariedade, escutando os saberes e a ancestralidade dos povos originários, sobretudo dos indígenas isolados, numa região onde se encontra o maior número de povos indígenas nessa situação.  

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