Formação Missão
Compartilhe esta notícia:
21/03/2022 Luis Miguel Modino - Regional Norte 1 Edição 3945 Santarém: Evangelizar a partir da concretude da realidade
F/ revistamissoes
"O Documento de Santarém, que está completando 50 anos em 2022 [... ] nesta perspectiva, a Igreja da Amazônia opta por quatro prioridades e por quatro séries de serviços pastorais, à luz destas duas diretrizes básicas: Encarnação na realidade e Evangelização libertadora."

Ler o Evangelho, que deve ser considerado fonte de todo processo evangelizador, nos faz entender a metodologia de Jesus no anúncio da Boa Nova. Ele sempre parte de realidade concreta, da vida do povo, da cultura e da linguagem do povo simples, que em volta dele entende suas palavras e descobre nelas uma fonte de vida.

O Documento de Santarém, que está completando 50 anos em 2022, também tem a realidade, neste caso amazônica, como ponto de partida no processo evangelizador da Igreja da Amazônia, afirmando a importância dos valores dos povos amazônicos, mas também as limitações e perigos.  

Encarnação na realidade e Evangelização libertadora

Nessa perspectiva, no momento de elaborar as Linhas Prioritárias, atendendo a essa realidade Amazônica, “a Igreja da Amazônia opta por quatro prioridades e por quatro séries de serviços pastorais, à luz destas duas diretrizes básicas: Encarnação na realidade e Evangelização libertadora”.

Nesse sentido, a encarnação na realidade é vista como “anterior e subjacente a toda Pastoral como programa ou ação, e supõe uma vontade permanente de conversão ao verbo Encarnado”. Há uma exigência, insiste o Documento de Santarém, “um total entrosamento com a realidade concreta do homem e do lugar”, algo que se realiza pelo conhecimento e pela convivência com o povo, na simplicidade e na amizade do dia a dia.

Na realidade concreta vai se testemunhando o Evangelho, se fazendo concretude uma evangelização libertadora, sem dicotomias, que possibilita a toma de consciência. Algo que se torna visível nas comunidades, que o Documento de Santarém chama de Comunidades Cristãs de Base, chamadas a ser “como fermento no meio da massa”.  Por isso o texto insiste, dependendo da realidade de cada comunidade, em que “o processo varia de lugar para lugar de acordo com a circunstância situacional da comunidade”.

Pastoral de acordo com o ambiente

Santarém insiste em que “a Pastoral deve ser de acordo com o ambiente”, tendo em conta a realidade e as situações e problemáticas que fazem parte da vida do povo. A partir daí vai se configurando os programas e serviços evangelizadores, em todos os níveis.

Do mesmo modo que Jesus, quando percorria os caminhos da Galileia, apontava para o povo, para a realidade, Santarém nos lembrava as palavras do Papa Paulo VI que disse que “Cristo aponta para a Amazônia”. Hoje, a Igreja católica continua apontando para a Amazônia, algo que ficou ainda mais claro com o Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica.

No início da Exortação pós sinodal Querida Amazônia, falando sobre o sentido da Exortação, o Papa Francisco insiste no propósito de “oferecer um breve quadro de reflexão que encarne na realidade amazónica uma síntese de algumas grandes preocupações já manifestadas por mim em documentos anteriores, que ajude e oriente para uma recepção harmoniosa, criativa e frutuosa de todo o caminho sinodal”. O Santo Padre sempre insiste nos processos, que mais uma vez podemos dizer começaram muito tempo atrás.

Citando Laudato Si´, onde o Papa Francisco afirma que “a constante distração nos tira a coragem de advertir a realidade dum mundo limitado e finito”, ele afirma na Querida Amazônia que “muitas vezes deixamos que a consciência se torne insensível”, algo que deve nos levar a refletir sobre a importância da concretude da realidade no trabalho evangelizador.

Avançar no caminho da inculturação

Isso demanda avançar no caminho da inculturação, algo que a Igreja da Amazônia vem fazendo desde Santarém, buscando entender que “Deus operou de várias maneiras, porque a Igreja possui um rosto pluriforme, vista ‘não só da perspectiva espacial (…), mas também da sua realidade temporal’”, segundo recolhe a Querida Amazônia.

Por isso, vamos continuar sonhando, buscando “avançar por caminhos concretos que permitam transformar a realidade da Amazónia e libertá-la dos males que a afligem”, que nos diz Querida Amazônia. No final das contas, o Evangelho tem que nos levar a fazer realidade um mundo melhor para todos e todas.

.

Leia também:
Primeiro o amor e a unidade, depois a estratégia
Não há Eucaristia sem povo

Equilíbrio paz e guerra

Quaresma e guerra
Igreja denuncia graves consequências da "PL do Veneno"

A semente da sinodalidade plantada na amazônia

Dom Mário Antônio: vou para Cuiabá com o coração livre

Povo Ticuna: a bíblia em sua língua materna

Encontro do Papa Francisco com jovens universitários - Construindo pontes Norte-Sul

CF 2022 - Escutar: antes de ensinar, aprender
CF 2022 - Discernir: Jesus mestre e educador
CF 2022 - Agir: iniciar, promover processos
Guerra, ameaça a humanidade, Papa convoca jejum
Papa Francisco e universitários: oportunidade se ser a voz de muitos
Entrevista sobre o encontro do Papa Francisco com jovens universitários
Se Deus é de direita ou de esquerda
Falar com sabedoria, ensinar com amor

Sinodalidade e processos de nulidade matrimonial
O Espírito continua a transbordar desde a Amazônia
Sinodalidade e Missão da Igreja
Acesse este link para entrar nosso grupo do WhatsApp: Revista O Lutador Você receberá as novas postagens da Revista O Lutador.

Compartilhe esta notícia:
Nome:
E-mail:
E-mail do amigo:
DEIXE UM COMENTÁRIO
TAGS
ÚLTIMAS NOTÍCIAS