Nesse dia 20 de outubro próximo passado, dentro da Visita ad limina Apostolorum, nós, 31 arcebispos e bispos, dos Regionais Leste dois e Leste três da CNBB, Minas Gerais e Espírito Santo, tivemos a oportunidade de encontro, de duas horas e meia, com o Papa Francisco, numa das salas oficiais do Vaticano. Dez anos atrás tive a mesma oportunidade de encontro com o Papa Bento XVI.

O Papa Francisco é muito sensível a todos

Chamo de oportunidade porque o Papa não tem espaço para atender, dessa forma, todos os católicos do mundo. Cada um dos bispos representa sua diocese e fala em nome de todos. Assim, o Papa estreita laços com a Igreja presente em todas as partes do mundo, e fica informado das dificuldades, dos problemas e alegrias de seus pastores. E o Papa Francisco é muito sensível a todos.

Essa é a nossa Igreja, que tem como um dos principais objetivos motivar as pessoas a fazer um caminho de santidade. É nesta perspectiva que celebramos a solenidade de Todos os Santos, mas cientes de que a santidade, quando caminha fundamentada no seguimento do Evangelho de Jesus Cristo, é possível. A Igreja faz memória dos santos falecidos e estimula os vivos a serem santos.

Não importa o estado de vida da pessoa para que seja santa. A santidade não vem da religião, da política, da profissão etc. Vem da autenticidade de condução da sua vida. Por isto, temos muitos santos anônimos, pessoas que procuram pautar sua conduta naquilo que as dignificam, no selo da verdade e fidelidade às coisas corretas. As trapaças injustas e exploradoras impedem a santidade.

O mundo da perfeição coincide com o tipo de semelhança que a pessoa tem com Jesus Cristo, partilhando do mesmo destino dele, superando todo tipo de iniquidade e realização do mal. Isto significa coerência com a dignidade de quem procura identificar-se com os ensinamentos da Palavra de Deus. E muita gente faz esse caminho, que supõe renúncias e opção pela prática do bem.

Os apóstolos beberam das riquezas do ensinamento dado por Jesus. O nosso encontro com o Papa Francisco não foi diferente, ainda sentindo nele verdadeira vida de simplicidade e preocupação com a santidade do Povo de Deus. Bebemos de sua espiritualidade e abertura tão fraterna para com cada um de nós bispos ali presentes. Nossa palavra foi de profunda gratidão pelo que ele é para o mundo.

Visita ad limina

Existe uma norma histórica da Igreja em relação à Visita ad limina Apostolorum. Isto significa visita aos túmulos dos Apóstolos, localizados na cidade de Roma, na Itália. De tempo em tempo, todos os bispos responsáveis por uma Igreja particular, são convocados pelo Papa para esse importante compromisso eclesial. É uma forma de revitalização dos objetivos da Igreja com seu papel missionário.

Nessa Visita ad limina Apostolorum, os bispos celebram uma missa na sepultura de São Pedro, no subsolo da Basílica de São Pedro e outra na sepultura de São Paulo, na Basílica de São Paulo, fora dos muros, ambas na cidade de Roma. Dois apóstolos que são colunas da Igreja: São Pedro representa a Instituição, nas palavras de Jesus, “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18).

Voltar sempre às fontes

Mas a Igreja não é só Instituição. Ela tem uma importante missão de proclamar a Palavra de Deus, sempre inspirada na prática missionária do apóstolo São Paulo, destacado missionário dos tempos apostólicos. Este é um motivo da evidência do mês de outubro como mês das missões, ou Mês Missionário. Com a Visita ad limina a Igreja está sempre voltando às suas fontes, próxima a Jesus Cristo.

É interessante evidenciar essa bonita tradição, que acaba dando sustentação para o futuro da Igreja. Já são mais de dois mil anos de história, de enfrentamento em relação aos embates diários da sociedade, às mudanças dos tempos, os erros e acertos internos e externos, mas o caminho continua muito firme, porque as bases de sustentação são muito sólidas e assistidas pelo Espírito de Deus.

Essas Visitas, no caso do Brasil, são feitas por cada Regional da CNBB, o que está acontecendo neste ano de 2022. De 15 a 26 de outubro próximo serão os Regionais Leste 2 e Leste 3, com a presença de todos nós bispos dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Teremos, no dia 20, uma audiência coletiva, na Biblioteca do Vaticano, com o Santo Padre, Papa Francisco.

As Visitas ad limina Apostolorum são uma oportunidade privilegiada para o Papa ampliar os seus conhecimentos sobre a presença e a identidade pastoral da Igreja no mundo todo. Por outro lado, os bispos também estreitam suas relações, não só com o Bispo de Roma, mas também com os diversos Organismos, chamados Dicastérios pastorais da Igreja, presentes em Roma.

 Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba.

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