Por Gabriel dos Anjos Vilardi
Temos aqui uma resenha ou síntese do artigo de Gabriel dos Anjos Vilardi, jesuíta, bacharel em Direito pela PUC-SP e bacharel em Filosofia pela FAJE. É mestrando no PPG em Direito da Unisinos e integra a equipe do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
No contexto de uma crise geopolítica acirrada, o Brasil encontra-se diante de um impasse histórico: resistir às investidas da extrema-direita nacional e internacional, representada por figuras como Donald Trump e a família Bolsonaro, ou ver ruir os pilares democráticos conquistados desde a redemocratização. No artigo de Gabriel dos Anjos Vilardi, jesuíta e pesquisador do Instituto Humanitas Unisinos, traça-se uma análise crítica e bem fundamentada sobre os riscos à soberania nacional, a cumplicidade de setores do agronegócio com projetos autoritários e a urgente necessidade de reação democrática e ecológica.
“A racionalidade neoliberal – que transforma tudo e todos em objetos negociáveis e só se preocupa com o lucro e com a acumulação do capital –, além de elevar o egoísmo à condição de virtude, produz um fenômeno: a dessimbolização (o desaparecimento progressivo dos valores e dos limites que condicionavam a civilização). A partir da diminuição de importância tanto da dignidade humana quanto de valores como a ‘verdade’ e a ‘liberdade’ (que cada vez mais passaram a ser tratados como se fossem ‘mercadorias)” (Casara, 2024, p. 74).
A partir da releitura de Frantz Fanon e da crítica de Rubens Casara à racionalidade neoliberal, Vilardi denuncia um modelo econômico que transformou as antigas colônias em mercados de consumo e moldou subjetividades paranoicas, impermeáveis à verdade e à crítica. Esse fenômeno teria permitido a ascensão de lideranças como Jair Bolsonaro, cuja retórica de ódio e desprezo à Constituição alimentou atos antidemocráticos e se manteve viva mesmo após sua derrota nas urnas.
O recente tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, em defesa de Bolsonaro, expõe a ingerência externa na política nacional. Enquanto o setor agropecuário é diretamente atingido, suas lideranças hesitam em romper com o bolsonarismo que historicamente apoiaram. A hipocrisia é evidente: o agronegócio que financiou manifestações golpistas agora sofre economicamente pela fidelidade a um projeto político antipatriótico.
A atuação da bancada ruralista, cúmplice das pautas antiambientais, como o Marco Temporal e o desmonte do licenciamento ambiental, revela um setor que, em sua ala mais retrógrada, opera contra os próprios interesses de longo prazo. A devastação da Amazônia, a perseguição aos povos indígenas e o avanço da grilagem colocam em xeque não apenas a imagem internacional do país, mas a sustentabilidade de suas cadeias produtivas.
Mesmo o atual governo Lula, embora discursivamente distante da retórica anterior, tem mostrado tímida disposição para enfrentar o poderio político do agronegócio. A lentidão nas demarcações de terras indígenas e a ausência de ações contundentes em defesa do meio ambiente revelam uma hesitação perigosa diante da crise climática e da violência no campo.
Vilardi propõe que, diante das ameaças concretas à soberania nacional, como a tentativa de Trump de interferir nas decisões do Supremo Tribunal Federal por meio de pressões comerciais, é hora de unir as forças democráticas do país. Essa união passa por isolar os setores autoritários do agronegócio, regulamentar as big techs para conter a desinformação e reconstruir as relações internacionais com base em princípios de justiça socioambiental e multilateralismo democrático.
A crise atual, portanto, pode ser uma oportunidade de reconstrução. Uma chance de distinguir os verdadeiros patriotas daqueles que instrumentalizam o país em nome de projetos pessoais ou familiares. Ao citar Machado de Assis, o artigo conclui com uma afirmação irrefutável: “a soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional”. E, para isso, é preciso coragem para defender o Estado Constitucional, a separação dos poderes e a dignidade dos povos originários e do meio ambiente. Trump e Bolsonaro passarão. Resta saber se o Brasil sairá maior.
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Essa desconfiança generalizada impacta diretamente a governabilidade, a participação política e a vitalidade da democracia. A diretora do Ipec, Márcia Cavallari, alerta: “É urgente reconstruir a confiança social. Sem isso, as instituições perdem sua capacidade de representar e servir o povo”.
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