Destaques Igreja Hoje
Compartilhe esta notícia:
24/07/2021 Imprensa CELAM Edição 3938 A PASSAGEM DO “DEVER FAZER” AO “FAZER” O CardealHummes convida a Igreja naAmazónia a passar do deverfazer para o fazer
F/ CELAM
"Pedimos que, se possível, nos enviem o que vocês como jurisdição eclesiástica ou como instituição (em especial, indígena) estão realizando relativo aos compromissos, que assumimos na documentação final da Assembleia Sinodal da Amazônia..."

Um dos grandes desafios para a Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA) é passar do deber fazer para o fazer, a fim de aplicar o Sínodo no território. O Papa Francisco na Querida Amazónia, como recordou o CardealHummesnum comunicado, apela a que assimseja.

O presidente da CEAMA lembra-nos que o Papa nos diz: "Deus queira que toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho [do sínodo], que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação".

Segundo o CardealHummes, ficar com o que devemosfazer, mesmo que seja algo bom, "não é suficiente". Por esta razão, ele vê a necessidade de passar à prática, afirmando que muitascoisasestãosendo feitas, mas que é necessáriotorná-lo conhecido, procurando trabalhar "em rede e em sinodalidade".

Isto implica, segundo o CardealHummes, continuar "indo às comunidades, expondo-lhes os resultados do sínodo, escutando-as e com elas construindo ‘os novos caminhos’, para depois comunicar a toda a rede ‘o que estamos fazendo’. Todo este processo seja realizado à luz da Palavra de Deus e com muita oração. É o Espírito Santo quem nos deve conduzir", insiste o cardeal.

O texto, baseado no número 15 do Instrumentum Laboris do Sínodo, relaraalgumas das ameaças à Amazónia: pela criminalização e pelo assassinato de líderes e defensores do território; pela apropriação e privatização de bens da natureza, como a própria água; por concessões madeireiras legais e pela entrada de madeireiras ilegais; pela caça e pesca predatórias, principalmente nos rios; por megaprojetos: hidrelétricas, concessões florestais, desmatamento para produzir monoculturas, estradas e ferrovias, projetos mineiros e petroleiros; pela contaminação ocasionada por todas as indústrias extrativistas que causam problemas e enfermidades, principalmente para as crianças e os jovens; pelo narcotráfico;pelos consequentes problemas sociais associados a tais ameaças, como alcoolismo, a violência contra a mulher, o trabalho sexual, o tráfico de pessoas, a perda de sua cultura originária e de sua identidade (idioma, práticas espirituais e costumes) e todas as condições de pobreza às quais estão condenados os povos da Amazônia (Fr.PM).

Alémdisso, aborda questõesmais centradas na vida pastoral da Igreja, tais como "que o Papa Francisco solicita cominsistência quese multipliquem os diáconos permanentes naregiãoamazônica", e juntamente com eles, "os ministros leigos e leigas dos vários ministérios instituídos, com destaque dos indígenas".

Para issopropõealgumas medidas, tais como "escolas de diaconato permanente, de catequistas e dirigentes de comunidades, seja mulheres seja homens, agentes missionários com prática sinodal, bem como renovação sinodal do nosso atual clero e dos religiosos/as". Devem ser escolas que "precisarão inovar e se inculturar seja na metodologia seja no currículo".

Reconhecendo que estessãoalguns aspectos entre muitosoutros, ele pede que o Espírito Santo "mantenha aceso o fogo sinodal na Igreja Panamazônica!", convidando a REPAM a juntar-se à CEAMA para assumir este processo sinodal. Finalmente, apelou a cada jurisdição eclesiástica a partilhar o que está fazendo "relativo aos compromissos, que assumimos na documentação final da Assembleia Sinodal", procurando assim "visibilizar, reconhecer, aprender, socializar e agradecer em espírito sinodal".

Eis a nota na íntegra:

A PASSAGEM DO “DEVER FAZER” AO “FAZER”
Aplicação do sínodo no território
(Comunicação do Presidente da CEAMA)
Terminada a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Panamazônica, em outubro de 2019, a Igreja como um todo, mas de modo especial na Panamazônia, é convocada pelo Papa Francisco, no documento A Querida Amazônia, a pô-lo em prática. Diz o Papa: “Deus queira que toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho [do sínodo], que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação” (QA, 4).
A partir daí, muitas assembleias, reuniões e encontros já foram realizados, dentro das condições da pandemia do novo coronavírus, para refletir e discernir sobre “o que devemos fazer”. Muito também já se escreveu sobre isto. Muitas entrevistas foram publicadas nos meios de comunicação e muito se conversou. Sempre sobre “o que devemos fazer”. Nisto somos bons. E importa muito. Porém, não basta. Ficaríamos a meio caminho. É necessário passar do “dever fazer” ao “fazer”. Em vez de continuar somente a perguntar o que devemos fazer, como fazer, quando fazer, vejamos e estimulemos o que estamos fazendo, o que fizemos ontem. Pois, na verdade, muito já se fez e se está fazendo em termos de “aplicar” o sínodo no território. Ajudaria muito se conseguíssemos levar ao conhecimento de toda a rede “o que já se está fazendo”. Pois, queremos continuar a trabalhar em rede e sinodalmente. Sinodalmente, isto é, indo às comunidades, expondo-lhes os resultados do sínodo, escutando-as e com elas construindo “os novos caminhos”, para depois comunicar a toda a rede “o que estamos fazendo”. Todo este processo seja realizado à luz da Palavra de Deus e com muita oração. É o Espírito Santo quem nos deve conduzir.
O panorama territorial onde “fazer”, já o encontramos assinalado no Instrumento de Trabalho do sínodo: “A vida na Amazônia está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica. De modo especial, a violação dos direitos dos povos originários, como o direito ao território, á autodeterminação, à demarcação dos territórios e á consulta e ao consentimento prévios” (Inst.Lab., 14). Em conformidade com o que sobressai das múltiplas consultas realizadas em muitas regiões amazônicas, as comunidades consideram que a vida na Amazônia está ameaçada sobretudo: a) pela criminalização e pelo assassinato de líderes e defensores do território; b) pela apropriação e privatização de bens da natureza, como a própria água; c)por concessões madeireiras legais e pela entrada de madeireiras ilegais; d) pela caça e pesca predatórias, principalmente nos rios; e) por megaprojetos: hidrelétricas, concessões florestais, desmatamento para produzir monoculturas, estradas e ferrovias, projetos mineiros e petroleiros; f) pela contaminação ocasionada por todas as indústrias extrativistas que causam problemas e enfermidades, principalmente para as crianças e os jovens; g) pelo narcotráfico; h) pelos consequentes problemas sociais associados a tais ameaças, como alcoolismo, a violência contra a mulher, o trabalho sexual, o tráfico de pessoas, a perda de sua cultura originária e de sua identidade (idioma, práticas espirituais e costumes) e todas as condições de pobreza às quais estão condenados os povos da Amazônia (Fr.PM)” (Inst.Lab.,15).
Conhecemos também as repetidas vezes em que o Papa Francisco solicita com insistência que se multipliquem os diáconos permanentes na região amazônica, que são muito escassos ali, bem como os ministros leigos e leigas dos vários ministérios instituídos, com destaque dos indígenas seja para diáconos seja para ministros leigos e leigas. Isso exigirá abrir escolas de diaconato permanente, de catequistas e dirigentes de comunidades, seja mulheres seja homens, agentes missionários com prática sinodal, bem como renovação sinodal do nosso atual clero e dos religiosos/as. Essas escolas por sua vez precisarão inovar e se inculturar seja na metodologia seja no currículo.
Citei só algumas tarefas. Muitas outras nos desafiam. Empenhemo-nos com alegria nesta missão, com a alegria do Evangelho (cf. “Evangelii Gaudium”, do Papa Francisco). Rezemos ao Espírito Santo para que mantenha aceso o fogo sinodal na Igreja Panamazônica!
Convido fraternalmente a REPAM a assumir junto este processo sinodal.
Para terminar, como disse acima, nos ajudaria muito se pudéssemos dar a conhecer a toda a rede eclesial e a outros “o que já se está fazendo”. Por isto, lhes pedimos que, se possível, nos enviem o que vocês como jurisdição eclesiástica ou como instituição (em especial, indígena) estão realizando relativo aos compromissos, que assumimos na documentação final da Assembleia Sinodal da Amazônia de acordo com o questionário que lhes estamos enviando (ver formato). Tudo isto nos ajudará enormemente a visibilizar, reconhecer, aprender, socializar e agradecer em espírito sinodal”.
São Paulo, Festa de São Pedro e São Paulo,29 de junho de 2021

Cardeal Cláudio Hummes OFM
Presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)

Leia também:
A responsabilidade das religiões
Papa restringe a celebração da missa na forma anterior ao Vat. II

1ª Assembleia Eclesial e a conciência de discipulos

O futuro começa agora

#Voces: um pacto educativo global

8º Intereclesial das CEBs no Paraná

A vida de Lázaro também importa
Lei da ficha limpa - Nota de Repúdio
Igreja apostólica e sinodalidade
O processo de Escuta deve ser mútuo e transformador

"O diaconato de mulheres só precisa ser reconhecido..."

Para que serve um velho?

Precisamos de leigos como sujeitos eclesiais
Sinodalidade e espiritualidade

Catequese Papa Francisco: Introdução aos Gálatas

Sínodo vai exigir repensar as estruturas da Igreja
A irresponsabilidade das autoridades

Sínodo 2023: Equipe de animação do Brasil

500 mil vidas presentes em nossas vida
s
Uma vida doada aos esquecidos do mundo

Nota de solidariedade a Dom Vicente Ferreira


Acesse este link para entrar nosso grupo do WhatsApp: Revista O Lutador Você receberá as novas postagens da Revista O Lutador em primeira mão.

 

Compartilhe esta notícia:
Nome:
E-mail:
E-mail do amigo:
DEIXE UM COMENTÁRIO
TAGS
ÚLTIMAS NOTÍCIAS