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20/10/2022 Antônio Carlos Santini   Edição 3952 O catecismo rasgado
Biblia fogo
F/ Reprodução
"Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, RELIGIÃO, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição."

 

A pequena Marthe é uma criança a caminho da igreja paroquial, em Chateauneuf-de-Galaure, onde terá aula de catecismo. Ela vai rezando pelo caminho, distraída, e não sabe nada sobre a situação de seu país, a França.

O vale onde Marthe mora com a família de agricultores passou por grande mudança. A III República é o cenário de intenso ativismo anticlerical. Quando os padres passam pela rua, não falta alguém imitando os corvos. Freiras e religiosos foram expulsos das escolas e substituídos por professores formados nas “escolas normais”, autênticos seminários de anticlericalismo. Na escola acontece agora intensa propaganda antirreligiosa junto às crianças.

A pequena Marthe ainda não sabe disso. Se ela tivesse acesso às estatísticas, veria estes números sobre as comunhões pascais na paróquia de Chateauneuf:

ANO 1897      ANO 1926
Homens            105                  37
Mulheres           200                  92

O mundo religioso rural está em crise. Mas a pequena Marthe continua indo ao catecismo.

Certo dia, Marthe caminhava para a igreja levando debaixo do braço o seu pequeno manual de catecismo de capa marrom. Um cavalheiro a detém e pergunta:

- Aonde vai você?

- Ao catecismo...

- E isto aí? Mostre para mim!

Ela entregou o livreto. Ele o pegou e rasgou-o no meio. Marthe Robin, a fundadora dos Foyers de Charité, hoje com 76 casas em 41 países de 4 continentes, conservaria até a morte o seu catecismo rasgado.

Podemos refletir?

Por que esse medo da religião? Por que os governantes atacam a fé, atropelando tradições, culturas, famílias e... crianças?

Ninguém ignora que um traço constante dos tiranos é o medo da liberdade. E quando alguém se submete a Deus, jamais se submeterá aos césares deste mundo. Com a mesma cartilha, Adolf Hitler, Josef Stalin e o xogum do Japão Toyotomi Hideyoshi verão na religião o principal obstáculo para seu totalitarismo, adubando o solo pátrio com o sangue dos mártires. O governo maçônico do México dos anos 30 adotaria o mesmo programa: prender, exilar, torturar e matar. Graham Greene imortalizou este panorama em seu livro “O Poder e a Glória”. Tudo, menos Deus!

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Artigo 2º afirma: “1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, RELIGIÃO, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.”

O Artigo 18 insiste em nossa liberdade: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa RELIGIÃO OU CRENÇA pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.”

Iluministas, racionalistas e tiranos – de mãos dadas – veem como progresso a irreligião. A atual situação social os desmente. Sem Deus, regredimos para as cavernas.

E a pequena Marthe não vai abrir mão de seu velho catecismo...

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